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sexta-feira, 2 de março de 2012

O teórico dos pampas - Tarso, o teorico demente da esquerda brasileira




A esquerda doutrinária gosta muito de falar em teoria e de teorizar. Para ela, a teoria é o mapa do caminho para o poder e para nele se manter. Mas acontece que não conseguem teorizar, pois a sua ciência política não passa do saco de maldades inaugurado por Maquiavel e levado às últimas consequências por Marx e Lênin. Seus livros e artigos não passam de carta de má intenção, declarações solenes do mal que praticarão enquanto estiverem no poder de Estado.
Tem sido assim desde sempre. Nenhum grupo político revolucionário chegou ao poder sem ser precedido de múltiplos escritos, que seus membros procuram cumprir. Mas há sempre uma versão exotérica, "para ganhar as eleições", e uma esotérica, que procura orientar a militância e os dirigentes partidários. Os que cultuam o marxismo-leninismo são os mais disciplinados nessa coerência entre a teoria e a práxis. O verdadeiro revolucionário não improvisa, é portador de disciplina e segue fielmente os manuais "teóricos".
Ao ler o artigo de Tarso Genro no site  Carta Maior (Uma agenda para a esquerda só pode ser mundial) pude constatar que, embora seja tão mau escritor quanto teórico, ele continua sendo sincero, como costumam ser os revolucionários. Não escondeu nada da agenda do seu grupo político. O delírio pseudoteórico é de dar pena e medo. Já no primeiro parágrafo podemos ler:
"Conceber a obtenção de conquistas reais dentro do regime capitalista da selvageria financeira, implica considerar que o capitalismo – ele próprio – pode ser mais democrático, política e economicamente. Isso supõe aceitar que ele também pode sair da "enrascada" em que se encontra - sem que haja uma revolução - ainda mais forte, mais agressivo e ainda mais autoritário do que no presente. E que, via de consequência, essa saída pode e deve ser disputada, mesmo que não haja uma ruptura, pois dela podem resultar coisas piores, ou melhores para a humanidade. Nesta última hipótese, para perspectivas de menos guerras, menos injustiças e desigualdades, com a criação de um ambiente mundial política e culturalmente mais favorável aos ideais democráticos do socialismo: ou seja, criar condições fora da antítese do "quanto pior, melhor", pois a vida tem demonstrado que "quanto pior, pior"."
Tarso Genro sabe mais do que ninguém que a crise atual é do modelo socialista e o colapso que vemos na Grécia é aqueles que se espera para os Estados socialistas, que mais não fizeram que não endividar seus países e emitir moeda falsa além da irresponsabilidade. Isso nada tem a ver com o capitalismo, que é uma forma espontânea de organização social, mas tem a ver com o voluntarismo coletivista que preside a mente de todo revolucionário socialista. Para melhor malhar o inimigo imaginário, Tarso Genro se refere sempre ao capitalismo como algo personificado, pensando que este maquina contra as "conquistas" dos socialistas, quando na verdade o socialismo está apanhando da realidade, da simples e eterna lei da escassez.
Partir desse falso ponto é que lhe permite "teorizar" sobre a ação do seu grupo político. Fazer do capitalismo personificado uma espécie de Judas a ser malhado é condição sine qua non para se manter na Segunda Realidade revolucionária. Vejamos sua primeira "tese":
“O presente artigo, não tem o propósito de apresentar uma agenda “unitária” para a esquerda mundial, mas visa chamar atenção para a necessidade de construí-la, a partir das forças políticas de “dentro” de cada país. Este “dentro” contém “em si”, o “fora”, o mundo globalizado por inteiro na sua política e na sua economia. A repressão, o constrangimento, a repressão de “dentro”, no próprio sistema democrático, contém o “fora” sistemicamente. O “dentro” e o “fora” integram a mesma totalidade. O que implica dizer que não existem mais estratégias políticas “contra o fora”, como no período de formação dos estados nacionais, mas somente estratégias “com o fora”, ou seja, a transformação nacional e internacional está contida no mesmo processo transformador”.
Tarso Genro defende explicitamente que o caminho é o governo mundial. É provável que, na sua cabeça, a América do Sul tenha a capital em Brasília, mas isso é só uma hipótese. Friamente o que vemos é um governador de Estado importante, ex-ministro, trair os interesses nacionais de forma explícita, colocando a subordinação do país sem qualquer pudor ou temor de críticas. É como se só seus seguidores estivessem lendo o seu texto.
Seu besteirol conclusivo: "A internacionalização radical da política outorgada pela teoria ao proletariado universal foi realizada pelo anti-humanismo universal do capital financeiro, que capturou os estados e suprimiu soberanias".
A desonestidade é que a proposta do governo mundial é tese esquerdista desde a origem, mas está colocada como uma ação má do capitalismo. Não esperemos coerência do teórico dos pampas.
Depois de perorar sobre a mudança na divisão internacional do trabalho e suas consequências para os trabalhadores, usando os velhos clichês marxistas e inovações dignas de riso, como o tal trabalho "imaterial", Tarso Genro escreveu: "Tal contexto abarca a natureza do consumo, a redução do espaço público para a fruição livre, a uniformização de uma indumentária que integra, pela aparência, os setores assalariados com os padrões das classes privilegiadas".
Ele é incapaz de reconhecer que os ganhos de produtividade verificados nas últimas décadas simplesmente elevaram os padrões gerais de consumo, graças aos mecanismos de mercado, que transferem aos preços os tais ganhos.
Na sequência, coloca a sua segunda "tese": "É o capítulo da disputa pela a hegemonia, portanto, para instituir políticas de desenvolvimento e políticas públicas de coesão social, que apontem para um novo Contrato Social, cuja bases não são somente as instituições republicanas clássicas, mas as combinações destas instituições com as formas de democracia direta, presenciais e virtuais".
O sonho jacobino de Tarso Genro é fazer referendo a cada 24 horas, com as hordas politicamente controladas legitimando a ditadura em que possivelmente ele seria um dos mandatários. É o sonho de Rousseau, fecundado pelos delírios de Marx.
Completou a sua retórica jacobina: "Só a democracia política exercida de forma plena, sobre a gestão do Estado e na definição das suas políticas globais, é capaz de expor a desumanidade das contradições que separam, cada vez mais, regime democrático e capitalismo".
Sua terceira "tese": "A crise emendou a vitória do tatcherismo sobre a esquerda européia com o fim da URSS; a crise do "sub-prime" com o "euro"; a ocupação do Iraque com o fracasso do Presidente Obama; a emergência do Brasil no cenário mundial com a "flexibilização" da social-democracia européia.  O que pode, neste contexto, unificar distintas matizes da "nova" e da "velha" esquerda -contra as políticas de decomposição das funções públicas do Estado- é o exercício, pelo Estado, de políticas antagônicas às ditadas pelas agências privadas, que hoje orientam as políticas de Estado e são responsáveis pela crise. Não é a derrubada do Estado para a instalação de uma nova ordem, que, de resto sequer tem suporte social para configurá-la, que está na ordem do dia".
Bem interessante a expressão "funções públicas do Estado", como se pudesse haver alguma função privada do mesmo. Retórica vazia de quem não tem o que dizer.
Sua conclusão: "Trata-se de um período não revolucionário e de reação política, de falência tanto dos modelos socialistas dito marxistas, como dos modelos da social-democracia clássica: o neoliberalismo está com a sua hegemonia abalada, mas ainda não sucumbiu".
É bem típico do teorizar pampeiro: usar toda a retórica marxista, suas categorias, para afinal declarar que os modelos socialistas estão falidos. Ora, é de se perguntar por que ele os usa. Implicitamente Tarso Genro recorre à prevalência do modelo do marxismo cultural, que tanto tem dado certo no Brasil, na esteira da revolução gramsciana, que afinal o pôs no poder. Daí o autor perorar, na sequência: "A integração, portanto, das "lutas sociais" com as "lutas políticas" tradicionais, promovidas pelas esquerdas modernas e pós-modernas, pode ser baseada numa agenda comum, que remeta para a recuperação das funções públicas do Estado". 
Tarso Genro se declara um esquerdista pós-moderno, seja lá o que isso signifique.
Sua grande conclusão é que os partidos de esquerda devem radicalizar: "Se os partidos de esquerda não reduzirem as suas taxas de pragmatismo e não se unificarem numa agenda política avançada, inclusive em termos de reforma política, não atentarem para esta nova etapa estratégica -que deverá ser enfrentada pelo nosso Estado Democrático e suas instituições políticas- tudo que obtivemos até agora poderá ser perdido. O fortalecimento democrático, financeiro, político e militar, do Estado brasileiro (combinado com ousadas políticas de combate às desigualdades sociais e regionais), é a grande contribuição que o nosso país pode dar ao mundo para uma saída da crise por fora da tragédia grega.
O ato falho aqui é a exteriorização do temor de perder "tudo", ou seja, o poder que alcançaram. Teme uma contra revolução. É como se dissesse: - "Camaradas revolucionários, cuidem para seguir minhas orientações teóricas, sob pena de perecer". É preciso atentar para os delírios de Tarso Genro, pois esse será o caminho a ser trilhado: a tal radicalização da democracia direta e a integração ao governo mundial. Tarso Genro sabe que é essa a garantia de que precisa para se perpetuar no poder.

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