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sexta-feira, 13 de março de 2020

Sexta-feira 13: o dia em que os Templários caíram

Sexta-feira 13: o dia em que os Templários caíram e nós ganhamos o fardo do seu azar. Eram tempos difíceis para os cristãos. No século XI, após conquistarem a Península Arábica e Jerusalém, os muçulmanos marcharam para Constantinopla e ameaçaram a sobrevivência da Igreja Ortodoxa.
Para ajudar os fiéis do Oriente – e vendo uma oportunidade de unir as Igrejas do Ocidente e do Oriente sob a sua liderança – o papa Urbano II, em Roma, convocou os cristãos para uma guerra contra os muçulmanos, a fim de reconquistar a Terra Santa, em um dos discursos mais famosos da Idade Média: o Concílio de Clermont-Ferrand
E esse é o exato momento histórico no qual a primeira Cruzada tem início, partindo da Europa cristã para combater os muçulmanos no Oriente. Pela primeira vez, o papa, um líder religioso, uma vez à mercê de bárbaros e dependendo de reis para garantir a sua proteção, erguia um exército e comandava uma guerra.
O primeiro a atender o chamado do papa foi o fidalgo francês, natural de Champanhe, Hugo de Payens. Com o apoio de mais 8 cavaleiros e o aval do rei Balduíno II, de Jerusalém, ele fez nascer a Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão, cujos membros eram conhecidos por Cavaleiros Templários.
Por quase dois séculos durante a Idade Média (1118-1312), a Ordem dos Cavaleiros Templários existiu com o propósito de proteger os cristãos que voltaram a fazer a peregrinação a Jerusalém após a sua conquista. Vistos com grande prestígio na Europa, quem entrava na Ordem dos Templários tinha de fazer um voto de pobreza e castidade, além de entregar todos os seus bens e todo o dinheiro à organização, que ganhou um poder financeiro imensurável.
Mas 118 anos mais tarde, em 13 de outubro de 1307, os cavaleiros conheceram um fim sangrento, e nós ganhámos o fardo do seu azar. 
No século XIII, o monarca mais poderoso da Europa era o Rei Filipe IV, da França, e em uma quebra de braço entre a coroa francesa e o papado, Filipe VI – também conhecido como Filipe, o Belo – conseguiu manipular o Conclave para que o Cardeal francês Bertrand de Gouth fosse eleito o novo papa Clemente V, em 1305.
Para solidificar ainda mais o seu poder e influência sobre o Trono de São Pedro, Filipe IV exigiu que o papa deixasse Roma e mudasse a sede da Igreja para a França, na cidade de Avinhão, iniciando um período na histórica que ficaria conhecido para sempre como o “Cativeiro de Avinhão”.
Durante os próximos quase 70 anos, o papado operaria longe de Roma, sob o controle da França, tornando-se uma mera marionete política nas mãos dos reis franceses, enfraquecendo o poder da Igreja Católica em toda Europa.
O papado em Avinhão, longe dos ossos de São Pedro, em Roma, e do legado espiritual deixado pelo Apóstolo – que consiste no próprio fundamento da Igreja Católica -, perdeu sua autonomia e sua autoridade religiosa em toda Europa. Por outro, lado, sob a proteção e apadrinhamento da coroa francesa, a instituição floresceu em riqueza e bens materiais. 
SEXTA-FEIRA 13: O DIA EM QUE OS TEMPLÁRIOS CAÍRAM E NÓS GANHAMOS O FARDO DO SEU AZAR.
Filipe IV, o Belo, não gostava do poder que os Templários tinham acumulado ao longo dos anos. Profundamente endividado com a Ordem, começou a pressionar o papa Clemente V a tomar medidas contra eles, tentando convencer o Pontífice a acusar os Cavaleiros de crimes de heresia, imoralidade e sodomia.  A tarefa não era fácil, porque Clemente V sabia que a sua aliança com os Templários era útil para manter uma presença militar bem sucedida na Palestina.
Porém, os boatos que já circulavam sobre os Templários – nenhum suportados por fatos – e espalhados com muito afinco pela coroa francesa, começavam a denegrir a imagem da própria Igreja. Temeroso de que se continuasse a defender a Ordem, também a sua boa imagem seria arrastada pela lama, o papa acabou cedendo à pressão do rei.
Aconselhado pelo ministro Guillermo de Nogaret, e com o aval do Vaticano, na época uma mera marionete dos interesses e ambições francesas, Filipe IV mandou redigir a ordem de prisão dos Templários em 14 de setembro de 1307, enviando  uma carta a todo o reino com instruções claras para que só fosse aberta no dia 13 de outubro daquele mesmo ano. Era uma sexta-feira.
E, naquele dia, a Ordem caiu. Jacques de Molay, último grão-mestre dos Templários, foi preso junto com os demais Cavaleiros, e todos os bens foram confiscados pela Inquisição. 
Alguns foram condenados de acordo com o direito canónico, o mais pesado, enquanto outros ficaram em prisão perpétua. Em 1314, antes de serem atirados à fogueira, Jacques de Molay vaticinou: “Deus sabe que nos trouxe para o limiar da morte com grande injustiça. Em breve virá uma enorme calamidade para aqueles que nos condenaram sem respeitar a verdadeira justiça. Deus vai retaliar a nossa morte. Vou perecer com essa garantia”.
E debaixo desta maldição viveram o rei Filipe IV e o Papa Clemente V, que morreram apenas um ano depois.

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