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segunda-feira, 2 de março de 2020

Wilhelm Kammeier e a Falsificação da História

A história aconteceu realmente como nós aprendemos na escola e a mídia nos empurra diariamente goela abaixo? Diante daquelas imagens da queima de livros durante o Terceiro Reich, por que os ocupantes da Alemanha pós-45 continuaram tal prática e eliminaram logo de início mais de 35 mil obras? Siga a trilha de Kammeier e descubra que as falsificações não se restringiram somente à história contemporânea…

Mas nós não deveríamos ser tolerantes?

George Orwell descreveu em seu livro “1984” como os detentores do poder falsificam completamente a representação da história. Novas descobertas, novos erros e novas conclusões sobre o passado fazem parte de nosso cotidiano, mas também um conhecimento deficitário, omissões, esquecimentos e falsificações. Por outro lado, são ocasionais aquelas vastas ações de falsificação, como aconteceram após 1945 e na URSS após 1917. Uma completa falsificação do passado, como descrito por Orwell, também já aconteceu, justamente no final da Idade Média. Kammeier se ocupou intensamente com este tema.
Kammeier é o clássico dentre os descobridores das falsificações históricas. O resultado de sua pesquisa pode ser considerado subversivo como também avassalador. Os “documentos”, que servem de base para a historiografia alemã e dos primeiros europeus até a Idade Média, são em sua grande maioria falsificações, fato este que entrementes nem a ciência histórica estabelecida – ou seja, aquela que se esforça em ser “politicamente correta” – duvida mais; questionável permanece apenas ainda sua dimensão – um fato que a maioria dos professores de história omite.
Segundo Kammeier, grande parte das fontes escritas daquela época são falsificações, e é seu mérito ter comprovado tal fato de forma convincente. Ele também conseguiu obter pela primeira vez uma explicação fundamental e clara para aquela inundação de falsificações.
Atualmente sua obra principal se encontra na 11ª edição, trabalhada por Roland Bohlinger e complementada por um apêndice deste e de Wolfram Zarnack. Por exemplo, é citada na obra a conferência internacional da Monumenta Germaniae Historica, onde mais de 100 historiadores relatam sobre falsificações históricas na Europa. Em suas palestras, estes historiadores confirmaram as pesquisas e os resultados individuais de Kammeier, levando a pesquisa científica a flutuar num mar de falsificações geradas em sua maioria pela Igreja. Porém, nenhum dos participantes ousou mencionar a conclusão de Kammeier: que tal emaranhado de falsificações só poderia ter sido originado a partir de uma ordem e regência centralizadas. Wolfram Zarnack confirma as descobertas de Kammeier através de outras pesquisas, se ocupa com críticos e com a obra de Uwe Topper (“Falsificação cronológica – Começou com a Renascença. A nova imagem da historiografia”), além disso, ele mostra como a Igreja católica romana retocou, através de suas falsificações, o fato do cristianismo apresentar em parte raízes germânicas.

Uma leitura obrigatória

Os livros de Kammeier devem ser lidos por todos aqueles que se interessam por história, principalmente pela história alemã! Você não irá se livrar da estupefação!

Universalização do conhecimento segundo os “mocinhos”

Para que as vindouras gerações de jovens alemães permanecessem na ignorância, diversas fontes de informação foram suprimidas. Para isso as potências ocupantes no Reich alemão decretaram a Ordem Nº 4, digna do imperador Nero, que determinava a queima de documentos de pesquisa e livros sobre a história mundial que figurassem na “Lista da literatura a ser separada”.
A mais gigantesca eliminação de obras de todos os tempos abrangeu milhões de livros, cerca de 36.000 títulos, brochuras, jornais e revistas. Se você quer descobrir a verdade, consiga acesso à literatura original anterior a 1945; tudo que apareceu após 45 é propaganda anti-alemã, via de regra falsificada, inconsistente ou até mesmo repleta de ignorância. [1]
Houve três ações de extermínio cultural na história alemã [2]:
Primeira: Carlos, o carrasco dos saxões (erroneamente denominado “Magno”) ordenou o recolhimento de todas as mais importantes obras culturais germânicas e guardou-as num único local. Estas obras foram destruídas por seu filho seguindo ordens do Vaticano.
Em 782 d.C., os soldados cristãos francos executaram em massa os capitães saxões continentais pagãos que não aceitaram conversão a Religião papal em Verden. Esse episódio ficou conhecido como o “Massacre de Verden” no contexto das Guerras Saxônicas. A ordem de Carlos Magno de decapitar 4.500 prisioneiros lhe valeu o ódio amargo dos saxões por muitos anos. Imagem: Representação artística, por Pinterest.
Segunda: Aconteceu durante a Guerra dos Trinta Anos (1618-1648)
Vala comum da Guerra dos Trinta Anos em exposição na Saxônia, em 2015. A estimativa de mortos da Guerra do Trinta Anos varia de 3 à 20 milhões de pessoas, a imensa maioria alemã numa quase totalidade germânica. Proporcionalmente é mais do que o número de mortos na Segunda Guerra Mundial. São poucas as regiões que não foram destruídas, e o sistema de poder ficou em ruínas. Enquanto outras nações saíram lucrando, a Alemanha sofreu com a ruína e a depressão. O cientista político Herfried Münkler apontou recentemente que no aspecto social-econômico, a guerra levou a Alemanha décadas para trás, pois até um terço da população morreu. É de se concordar  com sua afirmativa de que a experiência de virar um “joguete” nas mãos das potências estrangeiras e um “palco” para os conflitos marcou profundamente a Alemanha.
Terceira: Após 1945 sob ordem dos vencedores da Segunda Guerra Mundial. [3]
Dresden, 1945, após o bombardeio Aliado da US Air Force e RAF, 90% da cidade foi destruído matando entre 18.000 e 35.000 pessoas que nem sequer contavam com defesas ou fortificações. Imagem: Bundes Archiv.
Publicado originalmente em 21 de março de 2011

Notas:

[1] Nota do autor: A queima de livros na Alemanha de 1933 foi um ato simbólico orquestrado por estudantes alemães
[2] Nota do autor: Nos dias de hoje, qualquer pessoa que se engaja em iluminar a história alemã é perseguida brutalmente pelo “estado de direito mais livre que já existiu em solo alemão”. Milhares de livros são proibidos na Alemanha atual, porém, não existe uma lista oficial dos títulos que não podem ser lidos pelos habitantes deste país, da Áustria ou Suíça: isto seria o reconhecimento público da hipocrisia democrática.

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