A liberdade de ideias e a liberdade de expressá-las
sem sofrer censura moral sempre foram idéias correlacionadas e
entrelaçadas. Mas ambas já
morreram. Mas não morreram agora. Sua morte começou entre os anos 1930 e 1968,
quando um grupo de intelectuais e filósofos se uniu para criar uma escola de
pensamento que tinha como foco essencial a destruição da civilização Ocidental
e tudo o que ela representa (inclusive seu sistema econômico baseado no
capitalismo) por meio da 'emancipação'.
Max Horkheimer, um
filósofo marxista, foi um dos pais fundadores da Escola de Frankfurt,
a qual incorporava toda a moderna Teoria
Crítica da Sociedade e que, em grande escala, se caracterizada como
neomarxista.
Horkheimer, junto com Jürgen Habermas, Theodor W. Adorno, Herbert Marcuse e Erich Fromm, para citar
apenas alguns, criaram a Escola de Frankfurt e seu Instituto
para Pesquisa Social, uma instituição que moldou o pensamento cultural do
Ocidente como um todo e da Alemanha em particular.
De acordo com Horkheimer, a teoria crítica tinha o
objetivo de "libertar os seres humanos das circunstâncias que os
escravizam". Assim sendo, seu principal
objetivo era criar uma plataforma teórica e ideológica para uma revolução
cultural.
Ato contínuo, esse grupo de "filósofos" centrou seus
esforços especificamente na cultura. É a
cultura o que forma os fundamentos que modelam a mentalidade e a visão política
das pessoas. Alterando-se a cultura, altera-se a mentalidade e a visão política
das pessoas. Para alterar a cultura, é imprescindível
controlar a linguagem e das idéias. E, para
se fazer essa revolução cultural, era imprescindível se infiltrar nos canais
institucionais, particularmente a educação.
Em suma, a Teoria Crítica é a politização da
lógica. Horkheimer, ao declarar que "a
lógica não é independente de conteúdo", quis dizer que um argumento é lógico se
ele tem o objetivo de destruir as bases culturais tradicionais da civilização
Ocidental, e é ilógico se ele tem o objetivo de defendê-las.
Este, obviamente, é o pilar do "politicamente
correto", e explica por que o debate aberto e sem censura é vituperado como
sendo algo subversivo e inflamatório. O
politicamente correto despreza o debate aberto porque o vê como um gerador de
discórdias e dúvidas, algo que estimula a análise crítica e impede uma
uniformidade (e uma hegemonia) intelectual.
Em suma, o debate aberto e sem censura evita a predominância do chamado
"pensamento de manada", que é o cerne da revolução cultural.
A
Teoria Crítica da Sociedade, a guerra à religião e a descriminalização do crime
A Escola de Frankfurt alegava que sua Teoria Crítica
da Sociedade era a teoria da verdade. A
filosofia ocidental, de Santo Tomás de Aquino a Kant, passando por Hegel, Fichte,
Schellin e Goethe, deveria ser sumariamente descartada e substituída pelas
regras próprias e dogmáticas da Escola de Frankfurt, a qual continha todas as
diretrizes do "pensamento correto".
Nas áreas da sociologia e da filosofia política, a
Teoria Crítica foi além da interpretação e da compreensão da sociedade; ela se
esforçou para sobrepujar e destruir todas as barreiras que, em sua visão,
mantinham a sociedade presa em sistemas de dominação, opressão e dependência.
Uma das principais e mais controversas discussões
diz respeito à animosidade da Escola de Frankfurt em relação à religião e à
espiritualidade. Para os frankfurtianos,
o cristianismo representa o ressurgimento institucional da filosofia pagã, e
Deus seria uma mera ficção. A religião
leva as pessoas a projetarem seu sofrimento em uma entidade divina; ela serve
como distração da miséria causada pelo capitalismo; em seu núcleo, não há nada
mais do que a pura imaginação.
À medida que as teorias darwinistas e freudianas
foram desafiando a religião, o marxismo e o neomarxismo ganharam força para
contestar a imagem mítica e obscurantista da milenar divindade
institucionalizada. Não é Deus, mas sim
o homem a entidade mais alta a ser reverenciada.
A Escola de Frankfurt professa que o homem, na condição
de mamífero e sendo um mero produto da natureza, destituído de qualquer
espiritualidade, é totalmente limitado em sua existência, sendo conduzido pelos
seus mais básicos e primitivos instintos e guiado por suas necessidades
básicas. Não há espaço para o livre
arbítrio, não há capacidade de julgamento crítico e nem há a habilidade de
distinguir o certo do errado. Não há
presciência e não há racionalização.
Essa posição tem suas raízes nas bases marxistas da
Escola, uma vez que o marxismo afirma que o homem é um produto da sociedade:
sua mente e seu espírito são determinados e moldados pelo mundo material. Por causa dessa vulnerabilidade aos fatores
externos, a mente humana é vista como frágil e manipulável, de modo que, assim
sendo, o homem não pode ser responsabilizado por suas próprias decisões.
Essa ideia serviu como base para a
"descriminalização do crime", que é uma das teses da Escola de Frankfurt. Segundo Habermas, dado que o homem é um
produto da sociedade, é inevitável que ele ceda aos seus impulsos primitivos e às
suas tendências criminosas, uma vez que ele foi criado sob o jugo da violência
estrutural de um sistema capitalista criminoso.
A Escola de Frankfurt acreditava que, ao extirpar a
humanidade da espiritualidade, e ao destruir os bens materiais — criados pelo
capitalismo — que rodeiam os seres humanos, o homem viverá livremente, sem o
sentimento de responsabilidade e sem o fardo de sua própria consciência. Os frankfurtianos prometiam liberdade sem o
livre arbítrio; preconizavam a emancipação por meio da assimilação intelectual;
e garantiam que seria possível haver igualdade sem justiça.
A
importância estratégica da educação controlada pelo estado
De acordo com a Escola de Frankfurt, todos os
defeitos da humanidade começam com a família.
A família é a primeira e primordial entidade moral que encontramos. Essa entidade cria seus filhos de uma maneira
autoritária, a qual gera adultos submissos, obedientes e dependentes.
Em outras palavras, é a família o que nos prepara e
nos programa para aceitar o fascismo.
Sendo assim, ao se desacreditar e destruir o conceito de família,
torna-se possível destruir o capitalismo e o fascismo em sua raiz.
Por causa dessa atitude antagonista em relação à
família, combinada com sua cruzada ideológica contra a espiritualidade, os
filósofos de Frankfurt tinham de apresentar uma alternativa para substituir
essa instituição antiquada e, com isso, garantir um caminho seguro para o
futuro. Ato contínuo, a solução estava
em reprogramar a sociedade por meio de uma engenharia social revolucionária, de
modo que todos passassem a se comportar da maneira esperada pela teoria social
da Escola. Todo o comportamento humano
deveria se tornar um mero e previsível ato de reciprocidade.
Este, por si só, seria o código universal de ética
que governaria a utopia frankfurtiana.
Para impor e impingir esse código sobre a sociedade, eles propuseram a
infiltração seguida da manipulação das instituições, dentre elas, e
principalmente, a educação e a mídia.
Deter o controle desses canais institucionais seria
a maneira mais eficiente de impor e de promover sua ética. A educação controlada por sua ideologia
forneceria a chave para a obediência garantida, extirpando toda e qualquer discordância,
bem como todo e qualquer potencial de pensamento independente feito pelo
indivíduo.
As repercussões dessa estratégia são óbvias
hoje. A educação controlada pelo
estado condicionou as crianças e os adolescentes a, desde cedo, jamais
questionar as políticas coletivistas do governo. Aliás, quando estudantes decidem fazer algum
ato de rebeldia contra o governo, é justamente para pedir a imposição de ainda
mais políticas coletivistas. Trata-se de
uma estratégia que obteve um sucesso quase que absoluto.
Como disse Lew Rockwell, "se
toda a propaganda governamental inculcada nas salas de aula conseguir criar
raízes dentro das crianças à medida que elas crescem e se tornam adultas, estas
crianças não serão nenhuma ameaça ao aparato estatal. Elas mesmas irão
prender os grilhões aos seus próprios tornozelos."
A
ascensão do marxismo cultural
A Escola da Frankfurt criou o dogma de que
"liberdade e justiça" são termos dialéticos, o que significa que eles estão em
completa oposição um ao outro, em um jogo de soma zero, em que "mais liberdade
significa menos justiça" e "mais justiça é igual a menos liberdade". Baseado nessa dialética, a liberdade era a
tese e a justiça era a antítese.
Essa interessante abordagem dialética foi adotada
das idéias e obras de Friedrich Hegel. A
Escola de Frankfurt, no entanto, distorceu o núcleo deste conceito e desnaturou
sua lógica consequencial. Em suma, a
principal diferença entre as abordagens dialéticas de Hegel e Horkheimer está
em suas respectivas conclusões: Hegel, um idealista, acreditava, assim como
Kant, que o espírito cria a matéria, ao passo que, para Horkheimer, um
discípulo de Marx e de sua teoria do materialismo, é a matéria o que cria o
espírito.
Marx afirmava que o mundo, a realidade objetiva,
podia ser explicado por sua existência material e por seu desenvolvimento, e
não pela concretização de uma ideia divina absoluta ou como resultado do
pensamento humano racional, que é a postura adotada pelo idealismo.
Consequentemente, para a Escola de Frankfurt,
colocar limites sobre o mundo material, colocar regras externas e diretrizes
sobre o ambiente no qual os indivíduos vivem, pensam e operam, seria uma medida
que, na visão deles, seria suficiente para moldar a experiência cognitiva dos
indivíduos e, com isso, confinar seus espíritos aos parâmetros "desejados".
Esse é o ponto-chave que liga a Escola de Frankfurt
àquilo que hoje conhecemos como o "politicamente correto". No cerne do politicamente correto está a
crença de que menos liberdade garante mais justiça e, consequentemente, mais
segurança. Este mantra é regurgitado por
meio de instituições acadêmicas e discursos políticos, inserido em valores
sociais e plantado nas mentes das gerações mais jovens (futuros eleitores) por
meio das escolas e faculdades, exatamente como era intenção da Escola de
Frankfurt.
Em vez de criar uma plataforma que estimule o
desenvolvimento do indivíduo por meio do raciocínio lógico, do questionamento e
dos diálogos estimulantes, o sistema institucional funciona como uma linha de
montagem mecanizada, que tem o objetivo de padronizar e homogeneizar os indivíduos,
condicionando-os a se submeter ao status
quo, sempre dizendo 'sim' e jamais questionando. Esta é a lógica da Teoria Crítica da
Sociedade e o elemento central do "politicamente correto".
Trata-se de uma tentativa de controlar a inerente
entropia das idéias humanas e todo o tipo de pensamento independente; de controlar
o fluxo das idéias humanas e de conformar as experiências humanas a um
imobilismo anti-natural. Em última instância,
trata-se do objetivo de quebrar o espírito do indivíduo e deixar sua mente de
joelhos perante os ditames dos filósofos.
Daí vem o termo "marxismo cultural": os marxistas
praticamente abandonaram a velha retórica da "luta de classes", que envolvia as
classes capitalistas e proletárias, e a substituíram pelas classes opressoras e
oprimidas. As classes oprimidas incluem
as mulheres, as minorias, os grupos LGBT, e várias outras categorias
mascotes. Já a classe opressora é
formada por homens brancos heterossexuais que não sejam ideologicamente
marxistas, como os próprios fundadores da Escola de Frankfurt.
O marxismo cultural nada tem a ver com a liberdade,
com o progresso social ou com um suposto esclarecimento cultural. Ao contrário, e como o próprio Horkheimer
deixou claro, tem a ver com a criação de indivíduos idênticos que não se
confrontem entre si e que não troquem idéias, operando como máquinas automáticas
e sem emoção.
Conclusão
No cerne da Escola de Frankfurt está a ideia de que
o pensamento pode ser controlado por meio da imposição da doutrina do "politicamente
correto". A base desta ideia é o
polilogismo marxista, o qual dizia que diferentes grupos de pessoas possuem
diferentes modos de pensamento e seguem diferentes tipos de lógica.
Os marxistas tinham um álibi para não debater com
pessoas das quais discordavam: eles simplesmente rotulavam seus oponentes como "burgueses
apologistas da classe exploradora", cujos argumentos utilizavam uma lógica que não
era aplicável à classe proletária. Essa
linha de raciocínio, em última instância, implica a negação de que a lógica
sequer exista. A "verdade" passa a ser
simplesmente aquilo que os marxistas decretaram ser.
A Escola de Frankfurt segue esta mesmo lógica. Por isso, ela e seus seguidores estão hoje
entre os maiores inimigos da liberdade e da mente humana livre e consciente.
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