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quarta-feira, 3 de junho de 2020

O Enigma de Hitler

Aproximadamente duzentos mil livros lidaram com a Segunda Guerra Mundial e com sua figura central, Adolf Hitler. Mas, foi o Hitler real descoberto por algum deles? “O enigma de Hitler está além de toda compreensão humana”, o semanário esquerdista alemão ‘Die Zeit’ uma vez o colocou.
“Hitler – Você o conheceu – como ele era?” Questionaram-me esta pergunta uns milhares de vezes desde 1945, e nada é mais difícil de responder.
Salvador Dali, gênio único da arte, procurou penetrar o mistério em uma de suas pinturas mais intensamente dramática. Paisagens de elevadas montanhas preenchem a tela, deixando somente poucos metros de litoral, pontilhados com delicadas figuras humanas miniaturizadas: a última testemunha de uma paz que morre. Um imenso receptor telefônico, gotejando lágrimas de sangue, pendurado de um galho de uma árvore morta; e aqui e ali, guarda-chuvas e morcegos pendurados cujo portento é visivelmente o mesmo. Como Dali conta, “o guarda-chuva de Chamberlain apareceu nesta pintura em uma luz sinistra, evidenciado pelo morcego, e ele me surpreendeu quando o pintei como algo de enorme aflição”.
Ele então confidenciou: “Eu senti esta pintura ser profundamente profética. Mas eu confesso que eu ainda não descobri o enigma de Hitler também. Ele me atraiu somente como um objeto de minhas loucas imaginações e porque eu o vi como um homem único capaz de virar coisas de cabeça para baixo”.
Que lição de humildade para os críticos esmagadores que correram para imprimir, desde 1945, seus milhares de livros ‘definitivos’, maioria deles desdenhosos, sobre este homem que tanto perturbou o introspectivo Dali que, quarenta anos mais tarde, ele ainda se sentia angustiado e incerto na presença de sua própria pintura alucinatória. À parte de Dali, quem mais já tentou apresentar um retrato objetivo deste homem extraordinário, a quem Dali rotulou como a figura mais explosiva na história humana?
As montanhas de livros sobre Hitler baseados em um clarão de ódio e ignorância faz pouco para descrever ou explicar o homem mais poderoso que o mundo já viu. Como, eu pondero, esses milhares de retratos discrepantes de Hitler, em forma alguma, se assemelham ao homem que eu conheci? O Hitler sentado ao meu lado, de pé, falando, ouvindo. Tornou-se impossível explicar para pessoas alimentadas por contos fantásticos por décadas que o que eles leram ou ouviram na televisão simplesmente não corresponde com a verdade.
Pessoas passaram a aceitar ficção, repetida uns milhões de vezes, como realidade. Ainda assim, elas nunca viram Hitler, nunca falaram com ele, nunca ouviram uma palavra de sua boca. O próprio nome de Hitler, imediatamente evoca uma careta do diabo, a fonte de todas as emoções negativas. Como o sino de Pavlov, a menção de Hitler é destinada a dispensar a substância e a realidade. Em tempo, entretanto, história demandará mais do que esses julgamentos sumários.
Hitler está sempre presente diante de meus olhos: como um homem de paz em 1936, como um homem de guerra em 1944. Não é possível ter sido uma testemunha pessoal da vida de tal extraordinário homem sem ser marcado por ela para sempre. Nenhum dia se passa sem que Hitler se erga novamente em minha memória, não como um homem há muito falecido, mas como um ser real, que dá passos no chão de seu escritório, senta-se em sua cadeira, empurra a lenha queimando na lareira.
A primeira coisa que qualquer um percebia quando ele entrava em cena era seu pequeno bigode. Incontáveis vezes ele foi aconselhado a barbeá-lo, mas ele sempre recusou: as pessoas estavam acostumadas com ele do jeito que ele era.
Ele não era alto – não mais do que foi Napoleão ou Alexandre o Grande.
Hitler tinha profundos olhos azuis que muitos achavam encantadores, embora eu não os achasse assim. Nem detectei a corrente elétrica que diziam emanar de suas mãos. Segurei-as algumas vezes e nunca fui atingido por seus raios.
Sua face demonstrava emoção ou indiferença, de acordo com a paixão ou apatia do momento. Às vezes, ele ficava como que entorpecido, não dizendo uma palavra, enquanto seu maxilar se movia como se ele estivesse moendo um obstáculo em pedacinhos no vazio. Então ele se tornaria vivo de repente e lançaria um discurso dirigido a você somente, mas como se ele estivesse discursando para uma multidão de centenas de milhares no aeroporto Tempelhof de Berlim. Então ele se tornava como que transfigurado. Mesmo sua aparência, antes indiferente, se iluminava quando ele falava. E em tais vezes, para ser correto, Hitler era estranhamente cativante e como que possuído de poderes mágicos.
Qualquer coisa que pudesse ter parecido muito solene em suas observações, ele rapidamente temperava com um toque de humor. O mundo pitoresco, a palavra penetrante estava ao seu comando. Em um piscar de olhos, ele pintaria uma imagem-palavra que traria um sorriso, ou surgir com uma comparação inesperada e neutralizante. Ele poderia ser áspero e mesmo implacável em seus julgamentos e ainda assim, quase ao mesmo tempo, ser surpreendentemente conciliador, sensível e caloroso.
Após 1945, Hitler foi acusado de toda crueldade, mas não estava em sua natureza ser cruel. Ele amava as crianças. Era algo inteiramente natural para ele parar seu carro e compartilhar sua comida com jovens ciclistas ao longo da estrada. Uma vez ele deu sua capa de chuva para um desamparado arrastando-se na tempestade. À meia-noite, ele interromperia seu trabalho e prepararia a comida para sua cadela Blondi.
Ele não podia suportar comer carne, pois isto significaria a morte de uma criatura viva. Ele recusava a ter tanto um coelho ou uma truta sacrificados para prover sua comida. Ele permitiria apenas ovos em sua mesa, porque o estado em ovo significava que a galinha teria sido poupada ou invés de morta.
Os hábitos alimentícios de Hitler eram uma constante fonte de assombro para mim. Como podia alguém em uma programação tão rigorosa, que tomava parte em dezenas de centena de exaustivos comícios dos quais ele emergia banhado em suor, freqüentemente perdendo de um a dois quilos no processo; que dormia somente três a quatro horas por noite. E que, de 1940 a 1945, carregou o mundo inteiro sobre seus ombros enquanto governando mais de 380 milhões de europeus: como, eu me perguntava, ele podia sobreviver fisicamente apenas com um ovo cozido, alguns poucos tomates, duas ou três panquecas, e um prato de macarrão? Mas, na verdade, ele ganhava peso!
Ele bebia apenas água. Ele não fumava e não tolerava fumo em sua presença. A uma ou duas da manhã ele ainda estaria conversando, imperturbável, próximo à sua lareira, vívido, muitas vezes divertido. Ele nunca mostrava nenhum sinal de fadiga. Sua audiência podia estar morta de cansada, mas não Hitler.
Ele foi retratado como um homem velho cansado. Nada mais longe da verdade. Em setembro de 1944, quando ele foi relatado como estando bastante trêmulo, eu passei uma semana com ele. Seu vigor mental e físico eram excepcionais. O atentado contra sua vida em 20 de julho havia, se alguma coisa, o recarregado. Ele tomou chá em seu alojamento tão tranqüilo como se nós estivéssemos em seu pequeno apartamento particular na chancelaria antes da guerra, ou apreciando a vista da neve e o céu azul brilhante através da sua grande janela na sacada em Berchtesgaden.
No próprio fim de sua vida, para ser exato, suas costas se tornou curvada, mas sua mente permaneceu tão clara quanto um raio de relâmpago. O testamento que ele ditou com extraordinária compostura na véspera de sua morte, às três da manhã de 29 de abril de 1945, nos dá um testemunho duradouro. Napoleão em Fontainebleau não foi sem seus momentos de pânico diante de sua abdicação. Hitler, simplesmente apertou as mãos de seus companheiros em silêncio, tomou café da manhã como em outro dia qualquer, então foi para sua morte como se ele estivesse indo para um pequeno passeio. Quando a história já presenciou uma tragédia tão enorme levada a seu fim com tal auto-controle de ferro?
A característica mais notável de Hitler era sempre sua simplicidade. Os problemas de maior complexidade se resolviam em sua mente em uns poucos princípios básicos. Suas ações eram orientadas de forma que podiam ser entendidas por qualquer um. O trabalhador do Essen, o fazendeiro isolado, o industrial do Ruhr, e o professor universitário podiam todos facilmente seguir sua linha de pensamento. A própria clareza de seu raciocínio fazia tudo óbvio.
Seu comportamento e seu estilo de vida nunca mudaram mesmo quando ele se tornou o governante da Alemanha. Ele se vestia e vivia frugalmente. Durante seus primeiros dias em Munique, ele não gastava mais do que um marco ao dia com comida. Em nenhum estágio de sua vida ele gastou algo consigo mesmo. Através de seus 13 anos na chancelaria ele nunca carregou uma carteira ou mesmo tinha dinheiro próprio.
Hitler era autodidata e não fez tentativa de esconder este fato. O presunçoso conceito de intelectuais, suas brilhantes idéias empacotadas como pilhas de lanterna, irritava-o às vezes. Seu próprio conhecimento, ele tinha adquirido através de estudo seletivo e incessante, e ele sabia muito mais do que milhares de acadêmicos ornamentados com diplomas.
Eu acho que ninguém nunca leu tanto quanto ele. Ele, normalmente, lia um livro por dia, sempre lendo a conclusão e o índex de maneira a aferir o interesse da obra para ele. Ele tinha o poder de extrair a essência de cada livro e então guardá-la em sua mente de computador. Eu o ouvi falar sobre complicados livros científicos com impecável precisão, mesmo com o peso da guerra.
Sua curiosidade intelectual era ilimitada. Ele era prontamente familiar com os escritos dos mais diversos autores, e nada era tão complexo para sua compreensão. Ele tinha um profundo conhecimento e compreensão de Buda, Confúcio e Jesus Cristo, bem como Lutero, Calvino, e Savonarola; de gigantes literários tais como Dante, Schiller, Shakespeare e Goethe; e escritores analíticos tais como Renan e Gobineau, Chamberlain e Sorel.
Ele treinou a si próprio em filosofia ao estudar Aristóteles e Platão. Ele podia citar parágrafos inteiros de Schopenhauer de memória, e por um longo tempo carregou uma versão de bolso de Schopenhauer com ele. Nietzsche ensinou-o muito sobre a força de vontade.
Sua sede por conhecimento era insaciável. Ele gastava centenas de horas estudando os trabalhos de Tacitus e Mommsen, estrategistas militares tais como Clausewitz, os construtores de impérios como um Bismark. Nada escapava a ele: história mundial ou história das civilizações, o estudo da Bíblia e o Talmud, filosofia tomística e todas as obras primas de Homero, Sófocles, Horácio, Ovídio, Titus Livius e Cícero. Ele conhecia Juliano o Apóstata como se tivesse sido seu contemporâneo.
Seu conhecimento também se estendia à mecânica. Ele sabia como motores funcionavam; ele entendia a balística de várias armas; e ele surpreendia os melhores cientistas médicos com seu conhecimento de medicina e biologia.
A universalidade do conhecimento de Hitler pode surpreender ou aborrecer aqueles que a ignoravam, mas isto é não menos que um fato histórico: Hitler foi um dos homens mais cultos do século. Muitas vezes mais do que Churchill, uma mediocridade intelectual; ou do que Pierre Lavaal, com o mero conhecimento superficial de história; ou do que Roosevelt ou Eisenhower, que nunca foram além dos romances policiais.
Durante os primeiros 30 anos da vida de Hitler, a data 20 de abril de 1889, significava nada para ninguém. Ele nasceu neste dia em Braunau, uma pequena cidade no vale do Inn. Durante seu exílio em Viena, ele sempre pensou em seu modesto lar, e particularmente em sua mãe. Quando ela adoeceu, ele retornou para casa de Viena para cuidar dela. Por semanas ele zelou por ela, fez todas as tarefas domésticas, e a apoiou como o mais amado filho. Quando ela finalmente morreu, na véspera de Natal, sua dor foi imensa. Abalado com tristeza, ele enterrou sua mãe no pequeno cemitério local. “Eu nunca vi alguém tão prostrado de dor”, disse o médico de sua mãe, que aconteceu de ser um judeu.
Em sua sala, Hitler sempre exibia uma velha fotografia de sua mãe. A memória da mãe que ele amava esteve com ele até o dia que ele morreu. Antes de deixar esta terra, em 30 de abril de 1945, ele colocou a fotografia de sua mãe na frente dele. Ela tinha olhos azuis como os seus e uma face similar. O instinto maternal dela lhe dizia que seu filho era diferente das demais crianças. Ela atuou quase como que se ela soubesse o destino de seu filho. Quando ela morreu, ela se sentia angustiada pelo imenso mistério que rodeava seu filho.
Mesmo durante seus primeiros dias, Hitler era diferente das outras crianças. Ele tinha uma força interior e era guiado por seu espírito e seus instintos.
Ele podia desenhar habilmente quando ele tinha apenas onze anos de idade. Seus rascunhos feitos nessa idade mostram uma firmeza e vivacidade notáveis. Suas primeiras pinturas e aquarelas, criadas aos 15 anos, são cheias de poesia e sensibilidade. Um de seus primeiros trabalhos mais impressionantes, ‘Fortaleza Utopia’, também o mostra como sendo um artista de rara imaginação. Sua orientação artística tomou muitas formas. Ele escreveu poesia desde a época em que ele era um rapaz. Ele ditou uma peça completa para sua irmã Paula, que ficou maravilhada por sua presunção. Aos 16 anos, em Viena, ele se lançou na criação de uma ópera. Ele até mesmo projetou as definições do cenário, tanto quanto as vestimentas; e, é claro, os personagens eram heróis wagnerianos.
Mais do que apenas um artista, Hitler era acima de tudo um arquiteto. Centenas de seus trabalhos eram notáveis tão mais pela arquitetura quanto pela pintura. De memória apenas ele podia reproduzir em cada detalhe a cúpula de uma igreja ou as curvas intrincadas de ferro forjado. De fato, foi para cumprir seu sonho de se tornar um arquiteto que Hitler foi para Viena no início do século.
Quando se vê as centenas de pinturas, esboços e desenhos que ele criou na época, que revelam sua mestria das figuras de três dimensões, é assombroso que seus examinadores da Academia de Belas Artes o reprovaram em dois exames sucessivos. O historiador alemão Werner Maser, não amigo de Hitler, castigou esses examinadores: “Tudo de seus trabalhos revelam dons e conhecimentos extraordinários de arquitetura. O construtor do Terceiro Reich dá à antiga Academia de Belas Artes motivo de vergonha”.
Impressionado pela beleza da igreja em um monastério beneditino onde ele fez parte do coro e serviu como coroinha, Hitler sonhou fugazmente em se tornar um monge beneditino. E isso era naquela época, também, suficientemente interessante, que sempre que ele participava da missa, ele sempre tinha que passar por baixo da primeira suástica que ele já tinha visto: ela foi esculpida no escudo de pedra do portal da abadia.
O pai de Hitler, um funcionário da alfândega, esperava que o garoto seguisse em seus passos e se tornar-se um funcionário público. Seu tutor o encorajou a se tornar monge. Ao invés, o jovem Hitler foi, ou melhor, fugiu, para Viena. E lá, frustradas suas aspirações artísticas pelos burocratas medíocres da academia, ele se voltou para o isolamento e meditação. Perdido na grande capital austro-húngara, ele procurou por seu destino.
Ao longo dos anos de sua juventude, Hitler viveu a vida de um virtual recluso. Seu maior desejo era retirar-se do mundo. Solitário no coração, ele perambulava, comia refeições escassas, mas devorava os livros das bibliotecas públicas. Ele se absteve de conversas e tinha poucos amigos.
É quase impossível imaginar um outro destino, onde um homem começou com tão pouco e alcançou tais alturas. Alexandre o Grande era filho de um rei. Napoleão, de uma família bem constituída, foi um general aos 24 anos. Quinze anos após Viena, Hitler ainda seria um desconhecido cabo. Milhares de outros tiveram uns milhares de vezes mais oportunidades para deixar sua marca sobre o mundo.
Hitler não tinha ainda focado em política, mas sem seu correto conhecimento, esta era a carreira para a qual ele tinha a mais forte vocação. Política acabaria por se misturar com sua paixão por arte. Pessoas, as massas, seria a argila com que o escultor molda em uma forma imortal. A argila humana se tornaria para ele um lindo trabalho de arte como as esculturas de mármore de Myron, uma pintura de Hans Makart, ou a Trilogia do Anel de Wagner.
Seu amor pela música, arte e arquitetura não o removeu da vida política e dos problemas sociais de Viena. A fim de sobreviver, ele trabalhou como um operário comum, lado a lado com outros trabalhadores. Ele era um espectador silencioso, mas nada escapava a ele: nem a vaidade e egoísmo da burguesia, nem a miséria moral e material das pessoas, nem mesmo as centenas de milhares de trabalhadores que afluíam pelas amplas avenidas de Viena com raiva em seus corações.
Ele também tinha sido pego de surpresa pela crescente presença em Viena de judeus barbudos vestindo caftans, uma visão desconhecida em Linz. “Como eles podem ser alemães?” ele perguntou a si mesmo. Ele leu as estatísticas: em 1860 havia 69 famílias judias em Viena; 40 anos mais tarde havia 200.000. Eles estavam em todos os lugares. Ele observou sua irrupção nas universidades e nas profissões médica e legal, e sua ocupação dos jornais.
Hitler foi exposto às reações apaixonadas dos trabalhadores para este influxo, mas os trabalhadores não estavam sozinhos em sua infelicidade. Havia muitas pessoas proeminentes na Áustria e Hungria que não escondiam seu ressentimento ao que eles acreditavam ser uma invasão estrangeira de seu país. O prefeito de Viena, um democrata-cristão e poderoso orador, era avidamente ouvido por Hitler.
Hitler também estava preocupado com o destino dos oitos milhões de alemães austríacos mantidos separados da Alemanha, e assim, privados de sua legítima nacionalidade. Ele viu o imperador Francisco José como um belo e amargo ancião incapaz de lidar com os problemas do dia e as aspirações do futuro.
Hitler não era muito preocupado com sua vida particular. Em Viena, ele viveu em alojamentos pobres e apertados. Mas, apesar de tudo, ele alugou um piano que tomava metade de seu quarto e se concentrou em compor sua ópera. Ele viveu de pão, leite e sopa de vegetais. Sua pobreza era real. Ele nem mesmo possuía um sobretudo. Ele limpava ruas em dias de neve. Ele carregava bagagem na estação de trem. Ele passava muitas semanas em abrigos para desabrigados. Mas ele nunca parou de pintar ou ler.
Apesar de sua extrema pobreza, Hitler, de alguma forma, conseguia manter uma aparência limpa. Senhorios e senhorias em Viena, todos se lembram dele por sua civilidade e agradável disposição. Seu comportamento era impecável. Seu quarto estava sempre limpo, suas poucas posses meticulosamente organizadas, e suas roupas ordenadamente penduradas ou dobradas. Ele lavava e passava suas próprias roupas, algo que naqueles dias poucos homens faziam. Ele precisava de quase nada para sobreviver, e dinheiro da venda de umas poucas pinturas era suficiente para prover todas as suas necessidades.
Silenciosamente, o jovem Hitler foi somando as coisas em sua mente.
Primeiro: Austríacos eram parte da Alemanha, a pátria comum.
Segundo: Os judeus eram estrangeiros dentro da comunidade alemã.
Terceiro: Patriotismo era somente válido se ele fosse compartilhado por todas as classes. As pessoas comuns com quem Hitler dividiu tristeza e humilhação eram tanto uma parte da nação quanto os milionários da alta sociedade.
Quarto: Guerra de classes cedo ou tarde condenaria ambos, trabalhadores e empresários à ruína em qualquer país. Nenhum país poderia sobreviver à guerra de classes; somente cooperação entre trabalhadores e patrões pode beneficiar o país. Trabalhadores devem ser respeitados e viver com decência e honra. Criatividade nunca deve ser sufocada.
Quando Hitler disse mais tarde que ele tinha formado sua doutrina social e política em Viena, ele falou a verdade. Dez anos mais tarde, suas observações feitas em Viena se tornariam a ordem do dia.
Assim Hitler foi viver por muitos anos na abarrotada cidade de Viena como um virtual pária, ainda assim observando silenciosamente tudo em volta dele. Sua força vinha de dentro. Ele não contava com ninguém para fazer sua reflexão por ele. Seres humanos excepcionais sempre se sentem sozinhos em meio à vasta multidão humana. Hitler via sua solidão como uma maravilhosa oportunidade para meditar e não ser submerso em um mar de estupidez. Para não estar perdido na desolação de um deserto estéril, uma alma forte procura refúgio dentro de si mesma. Hitler era uma alma assim.
A Primeira Guerra Mundial foi uma guinada em sua vida. Ele se referiu a isto como a mão do destino.
O relâmpago na vida de Hitler viria da palavra.
Todo seu talento artístico seria canalizado em seu domínio da comunicação e eloqüência. Hitler nunca conceberia conquistas populares sem o poder da palavra. Ele encantaria e seria encantado por ela. Ele encontraria total realização quando a mágica de suas palavras inspirava os corações e mentes das massas com as quais ele comungou.
Ele se sentiria renascido a cada vez que ele transmitia, com beleza mística, o conhecimento que ele adquiriu em sua vida.
A eloqüência encantadora de Hitler permaneceria, por um tempo muito longo, um vasto campo de estudo para a psicanálise. O poder da palavra de Hitler é a chave. Sem ela, nunca haveria havido uma era de Hitler.

Hitler cumprimenta o reformador Walter Grundmann
Hitler acreditava em Deus? Ele acreditava profundamente em Deus. Ele chamava a Deus o Todo Poderoso, senhor de tudo o que é conhecido e desconhecido.
Propagandistas retrataram Hitler como um ateu. Ele não era. Ele tinha desprezo por clérigos hipócritas e materialistas, mas ele não estava só nisto. Ele acreditava na necessidade de padrões e dogmas teológicos, sem os quais, ele repetidamente dizia, a grande instituição da igreja cristã colapsaria. Esses dogmas colidiam com sua inteligência, mas ele também reconheceu que era difícil para a mente humana conter todos os problemas da criação, seu escopo ilimitado e beleza de tirar o fôlego. Ele reconhecia que todo ser humano tinha necessidades espirituais.
A canção do rouxinol, o padrão e cor de uma flor, continuamente o traziam de volta aos grandes problemas da criação. Ninguém no mundo falou para mim tão eloqüentemente sobre a existência de Deus. Ele manteve esta visão, não porque ele foi criado como um cristão, mas por causa de sua mente analítica que o mantinha atado ao conceito de Deus.
A fé de Hitler transcendia fórmulas e contingências. Deus era para ele a base de tudo, o ordenador de todas as coisas, de seu destino e de todos os outros.
Leon Degrelle
De The Journal of Historical Review, Maio-Junho 1994 (Vol. 14, No. 3), páginas 22-26.
Este artigo é da introdução, por Leon Degrelle (1906-1994), ao segundo volume de suas séries incompletas de livros sobre a vida e legado de Hitler, a qual foi dada o título provisório “The Hitler Century”.
Fonte: http://www.ihr.org/jhr/v14/v14n3p22_Degrelle.html
Tradução livre e adaptação por Viktor Weiß

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