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sábado, 25 de abril de 2020

É necessário afastar os simbolismos nacionais da Direita entreguista

Em vários países ao redor do mundo, radicais polarizados na velha e ultrapassada “dicotomia esquerda e direita”, lê-se “progressistas liberais” e “conservadores liberais” têm se apropriado de bandeiras nacionais para poder clamar às pessoas comuns contra seus inimigos particulares. 
Você já deixou de de sair de casa com uma bandeira da seleção brasileira ou vestimentas veerde e amarelo por conta de saber que iriam lhe confundir com um fã de Bolsonaro? (vulgo ‘bolsominion‘). Muitas pessoas sim. Na verdade, ao longo da história, verifica-se com o olhar crítico que sempre houve essa tendência da direita liberal conservadora em apelar para símbolos patrióticos fáceis como uma estratégia sofisticada de emplacar o seguinte pensamento: “existiriam aqueles que estariam lutando pela pátria, e aqueles que estariam contra ela”. Isso também aconteceu por um breve momento no slogan político do PT (Partido dos Trabalhadores) nas eleições de 2018, onde o nome de Haddad, o candidato à presidente, alterou as cores do seu nome para verde e amarelo [1].
Mas o fato de que os lulistas são encaixados no âmbito da esquerda liberal progressista não altera o produto em absolutamente nada. Trata-se aqui de uma estratégia dúbia e sistemática de corromper o simbolismo nacional direcionando-o à uma pessoa ou entidade (política ou não) que em qualquer sentido afasta o cidadão comum do verdadeiro significado daquele símbolo que está plasmado seja na figura de uma pessoa, fato ou simplesmente as cores de uma bandeira pervertendo-o em pró de uma causa individual de um grupo dentro de um país ou nação.
Nos Estados Unidos, assim como os bolsonaristas, os direitistas pór-Trump fazem uso exacerbado da bandeira estadunidense ao ponto de que hoje, se um estadunidense comum veste as cores da bandeira, basicamente você é um “apoiador” de Donald Trump e sua bancada neoconservadora. Um “xenófobo” que não tolera “imigrantes” e o “casamento gay”. Mas o detalhe interessante na diferença para o Brasil é que no caso estadunidense, o uso da bandeira e das cores nacionais é algo muitíssimo mais comum e praticante naquele país do no Brasil, onde só se via até então em época de Copa de Mundo. E ambos Democratas (atualmente progressistas) e Republicanos (atualmente conservadores) se utilizam desses artifícios em propagandas eleitorais de forma tradicional.

Do contrário também acontece como parte de uma mesma estratégia

Como isso também é usado no sentido reverso? Para inibir o sentimento de nacionalidade em seus menores símbolos. Como? Vamos usar o exemplo de países nórdicos, quando um simples suéter da equipe de esqui olímpico da Noruega foi boicotado por estampar runas como a “Tyr” [ᛘ / ᛏ] – em homenagem ao deus nórdico homônimo, simplesmente porque o grupo Movimento de Resistência Nórdica adotou a runa como símbolo [3] e já foi um emblema associado a certas divisões dos programas de lideranças nacionalistas pró-germânicas e nordistas assim como também no período da durante a Segunda Guerra Mundial nas forças apoiadoras do Eixo. A mesma coisa na Finlândia, onde uma camisa estampada com o símbolo nacional – o leão e a cruz – que era algo comum no passado, ser associado maliciosamente aos nacionalistas que também adotaram esses símbolos. Isso chegou ao ponto de agências finlandesas de design pedirem sugestões para criar “símbolos alternativos” para que os “cidadãos moderados” pudessem usar sem ser “confundidos” com nacionalistas.
Ainda na Europa, em países como a Alemanha, muitos distintivos, bandeiras, uniformes, slogans, canções, símbolos, emblemas e saudações associadas ao nacional socialismo alemão ou mesmo ao germanismo, na figura destes como inerentes à cultura e ao passado das pessoas daquele país (como runas, marchas, uniformes das freikorps, etc.) são veementemente proibidos de serem mostrados ou ostentados em público. E mesmo no particular, tem-se que garantir que um número limitado de pessoas possa os ver, ao mesmo tempo que é permitido o uso irrestrito de satírica ou como forma de combate ao nacionalismo germânico. [3] Partidos como a AfD (Alternativa para a Alemanha) são desgraçados pela mídia por apontarem a vergonha que os nativos foram acostumados a ter de usar o mínimo da bandeira do país.
Isso que é imposto pela grande mídia é lido da seguinte forma: “se você ama seus símbolos nacionais e os usa em público, você está sendo celetista, xenófobo e intolerante pois está dizendo que somente nativos tem direito a chamar seu país de seu (!)”.

Efeitos colaterais

Em todo caso, cidadãos comuns são são alvos fáceis devido a indignação com a política e a histórica falta de instrução institucional sobre nacionalismo e patriotismo para transferir esses valores dos quais a maioria nem sabe quais são. Assim, transferem isso para qualquer político atrapalhado que não possui a mínima condição pessoal ou mesmo nas demonstrações de seus projetos políticos em ser um receptáculo de tais valores. No fim, o povo comum é arrancado do debate nacional sobre patriotismo e nacionalismo para posicionar-se em pólos favoráveis nesse ou aquele partido ou político. Enquanto as castas sem bandeira e sem pátria grassam subornando os representantes dessas pessoas e alimentando uma dicotomia alucinada e perigosa nos meios de comunicação idiotizantes deixando a maioria totalmente fora da realidade nacional e mundial. Um completo transe! Youtubers, “gurus políticos” da internet e apresentadores de mídia, todos sujeitos incapaz de realizar um julgamento sócio-político digno de redação do Enem não faltam para isso.
Para além do debate político, não se trata aqui de competir ou determinar quem é mais comprometido com as causas nacionais ou aquele de fato está em uma briga política pelo bem nacional. Mas é ilógico que não se aprenda a ver as ações de um governo ou propostas políticas daqueles que se defende tais como elas realmente são e não como se acha que deveriam ser, somente para tentar, numa guerra de egos, ultrapassar aqueles que o indivíduo julga seus opositores e inimigos dos demais iguais a ele.
Estar dentro do debate nacional de fato é entender que o nacionalismo e patriotismo mais puros, aqueles que se ocupam com o seu próprio povo e não com um conceito vazio de fronteiras políticas desenhadas num mapa de papel e pessoas em estátuas das quais ninguém conhece o nome é a antítese do pensamento individualista liberal.
Nesses termos, não quer o direitista bolsonarista nem o esquerdista lulista o bem nacional. Apenas impôr seu pensamento pelo simples fato de que, funcionando aparentemente de forma antagônica, esses pensamentos tornam-se faces de uma mesma moeda do sistema no momento em que não abrem mão da estrutura liberal de poder econômico dominando o poder soberano de um país independente nem do individualismo de suas classe de poder ou das facções que lucram com a promoção de suas chapas políticas. Isso não é difícil de entender. Apenas observe como existe uma total indiferença com a usura criminosa imposta por cima das nossas riquezas (Sistema de Endividamento da Dívida Pública) que nos deixa artificialmente em crise eterna e como país subdesenvolvido. Talvez essa seja a principal causa e raiz dos problemas do pais por toda sua história. Mas o polarizado não da atenção porque simplesmente o seu político nunca disse isso. [4]
Enquanto para um bolsonarista a “questão social” é um mero “implante comunista”, para o lulista, é uma oportunidade de influenciar a “desconstrução de valores familiares tradicionais”. Valores esses passados por gerações de pessoas pertencentes a pessoas que são seus iguais, seus compatriotas, aos quais eles chamam de “fascistas” ou “comunistas” em caso de isenção de aderência de suas ideias. É a mesma coisa em todos os aspectos políticos imagináveis, incluindo os de pluralidade de pensamento. Nunca se está pensando friamente naquilo que é bom ou favorável para a nação que significa o todo, mas se algo está ou não de acordo com sua agenda.
Por último, o pensamento de “colônia eterna” advindo da direita é aquilo que existe de mais discrepante com o pregado patriotismo que se diz defender. Em vez de refletir sobre aquilo que torna os países grandes e fortes economicamente e verdadeiramente, prefere-se uma linguagem neo abraâmica de que, estando sobre a “tutela” de países como os Estados Unidos da América e Israel seremos grandes, o caminho para o sucesso. Nada mais fora da realidade.
Nenhum país ou nação se desenvolveu debaixo de outro país. O lema de Trump “America First” [EUA Primeiro] é um apelo nacionalista, sim, não um apelo de “vamos ser tutelados”. A mesma coisa em Israel, onde sua Direita e seu messianismo prega os judeus como o “Povo Eleito”. Não há brasileiros aí… por mais que entidades neopentecostais, grandes empresas e grandes negócios preguem a submissão à Israel de corpo e alma, essas entidades tratam de negociadores da fé à âmbito nacional. Destruidoras da cultura colonial e ancestral do qual somos oriundos que pouco se importa com causas nacionais que não estejam relacionadas com adaptar uma espécie de messianismo abraâmico proto-sionista estranho até mesmo ao próprio cristianismo como padrão aos povos que, em contrapartida, galgam o desprezo ao culto de seus verdadeiros heróis por não professarem em qualquer época, aquilo que seus pastores vos dizem hoje. Seus pastores e líderes prestam contas também ás alianças políticas conseguidas junto aos mesmos globalistas sem bandeira.
E muito menos existe qualquer “nacionalismo de EUA e Israel como último reduto contra o globalismo”, como diz Olavo e sua trupe. A principal articulação a nível global de globalismo e globalistas é oriunda estritamente da classe gerente dessas duas nações junto à europeia. A política externa neoconservadora do lobby de “USrael” é a principal força propulsora militar, econômica e geopolítica que garante os planos de uma agenda global e nunca, nada foi feito de relevante fora dessa linha.

Conclusão

Aquilo que falta, particularmente para a direita (também para esquerda, mas à direita particularmente por usarem o verde e amarelo enquanto a esquerda o queima em praça pública) ao usar-se dos símbolos nacionais é entender que a aderência a eles não está conectada com a apoio irrestrito à um presidente eleito. Pelo contrário, o simbolismo nacional e o patriotismo advindo deles, mesmo em suas cores [5], plasmam os melhores valores de uma ideia de nação e da formação de uma nacionalidade conjunta, como é o caso brasileiro, e seus políticos, classe que deveria representar o povo, devem representar esses valores em melhor forma, estando eles mesmos presos e abaixo desse sustentáculo, não o contrário.
Políticas nacionais voltadas para o sociedade, para o “social” não é uma política “comunista de esquerda. A partir do momento em que não se usa isso como forma de fragmentação da população divididas em classes inventadas individualidade de sexo, cor da pele ou renda, mas como indivíduos formadores de uma nacionalidade, de uma etnia que compõe um grande e vasto território que comporta várias culturas e nações. Tudo bem que não sejamos uma grande família, mas somos componentes vivos e ativo de um povo e representamos uma herança que se cruza.
Política nacionalista e social também não é usar de “política social compensatória”. Aquela que dá 1 milhão para construir casas para quem necessita em parcerias público-privadas enquanto outras parcerias público-privadas levam 1 bilhão dos cofres públicos por dia. Essa é a política do liberalismo, do Banco Mundial, do FMI, do BIS, enfim, do globalismo sem bandeira, que não é “comunista” nem “liberal”, mas sim aquilo que convém no momento. É a política individualista do falso sentimento de desenvolvimento. Política nacional e social é aquela que desenvolve cidadãos para que uma geração após a outra se superem, desde seu nascimento até a formação de sua família, como uma grande matilha cada vez mais aprimorada, constante e coesa, da qual o desenvolvimento sócio-político é fruto dessa superação e coesão.
Por isso, se querem realmente ser detentores dignos de símbolos nacionais, sejam os direitistas não de direita ou bolsonaristas irrestritos, mas nacionalistas. Do contrário, vistam as cores de Israel e EUA ou o verde do dólar e ponham-se à venda e deixem essas cores para aqueles que realmente presam por um bem nacional.

Notas

[1] ESTADÃO CONTEÚDO. No 2º turno, PT troca vermelho por verde e amarelo e tira nome de Lula: No primeiro turno das eleições, Haddad era diretamente associado a Lula com a frase “Haddad é Lula”. Exame, Brasil, 10 out. 2018. Disponível em https://exame.abril.com.br/brasil/no-segundo-turno-pt-nao-usa-vermelho-e-tira-nome-de-lula-de-campanha/. Acesso em 21 abr. 2020
[2] BARTIROMO, Michael. Norway’s Olympic ski team sweater has symbol used by neo-Nazi group. New York Post, Fox News, Living, 2 fev. 2018. Disponível em https://nypost.com/2018/02/02/norways-olympic-ski-team-sweater-has-symbol-used-by-neo-nazi-group/. Acesso em 21 abr. 2020
[3] Esse ponto na Alemanha merece um aprofundamento. Segundo o parágrafo 86 do Código Penal alemão estão proibidos distintivos, bandeiras, uniformes, slogans, canções e saudações que remetam a qualquer ideia de nacional socialismo, germanismo ou afins. Até mesmo símbolos de organizações e partidos que, de tão semelhantes, possam ser confundidos com estes. Suástica, retratos de Hitler, as insígnias da SS e a própria saudação ibérica estão inclusos. Exemplos foi em 1983, quando a saudação da Frente de Ação dos Nacional-Socialistas/Ativistas Nacionais foi acrescentada à lista, devido à sua semelhança com a saudação ibérica. Entre 1980 e 2015, o BfV proibiu um total de 46 organizações e associações, incluindo a Nationalen Sozialisten Chemnitz (Nacionais-Socialistas de Chemnitz). Os símbolos dessas entidades também foram proibidos e não podem ser usados ​em público.
Também são proibidos, de acordo com o Departamento Federal de Proteção da Constituição (BfV) a cruz celta da associação proibida Movimento Popular-Socialista da Alemanha / Partido do Trabalho, o emblema (badge) triangular da Liga das Moças Alemãs, emblemas das gaue (divisões territoriais Nacional Socialistas) , o símbolo da caveira (totenkopf) das associações da SS, a bandeira imperial de guerra usada pelas Forças Armadas alemãs até 1945, as Ordens de Sangue (condecoração do Partido Nacional Socialista), braçadeiras com suástica, o estandarte pessoal de Hitler, o punhal de honra da SS e demais emblemas.
Violações podem ser punidas com multa ou pena de prisão de até três anos. Enquanto que o Tribunal Federal de Justiça da Alemanha em 2007 decidiu que uma suástica riscada também é permitida se a ideia é combater a ideologia nacional socialista. Outra flexibilização da lei em 2018 foi a permissão de uso em videogames.
[4] Um exemplo é bem claro, quando Lula era presidente, ficou conhecida a chamada “marolinha” sobre a crise financeira mundial de 2008. Todos os apoiadores correram e ainda hoje correm para provar isso. Bolsonaro (via Olavo de Carvalho) hoje se coloca contra quarentena e os governadores de estado na questão do combate ao coronavírus. Todos os apoiadores são contra a quarentena simplesmente por isso e nada mais. Nenhum vídeo de aplicativo e texto sem fonte é o suficiente para dizer que não existe “surto”.
[5] As cores nacionais da bandeira do Brasil representam a primeira ideia de “Brasil Independente”, uma ideia de Nação-Império propriamente dito, que foi absorvido pelo Golpe Militar Republicano de 1889.  A cor verde em referência à casa de Bragança, de D. Pedro I, e a amarela simboliza a casa de Habsburgo-Lorena, de sua esposa a Imperatriz D. Leopoldina.

Referências de pesquisa:

BARTIROMO, Michael. Norway’s Olympic ski team sweater has symbol used by neo-Nazi group. New York Post, Fox News, Living, 2 fev. 2018. Disponível em https://nypost.com/2018/02/02/norways-olympic-ski-team-sweater-has-symbol-used-by-neo-nazi-group/. Acesso em 21 abr. 2020
ESTADÃO CONTEÚDO. No 2º turno, PT troca vermelho por verde e amarelo e tira nome de Lula: No primeiro turno das eleições, Haddad era diretamente associado a Lula com a frase “Haddad é Lula”. Exame, Brasil, 10 out. 2018. Disponível em https://exame.abril.com.br/brasil/no-segundo-turno-pt-nao-usa-vermelho-e-tira-nome-de-lula-de-campanha/. Acesso em 21 abr. 2020
PRANGE, Astrid. Quando o uso de símbolos nazistas é permitido na Alemanha?: Utilização e difusão de emblemas e símbolos associados ao nazismo, como suástica e saudação de Hitler, são banidas por lei no país. Entretanto, uso em obras de arte e para fins informativos ou didáticos não é problema. Deutsche Welle, Notícias, Alemanha, 30 ago. 2018. Disponível em https://p.dw.com/p/340aL. Acesso em 21 abr. 2020
STUENKEL, Oliver. É preciso resgatar da extrema direita os símbolos nacionais: Em várias democracias ao redor do mundo radicais têm se apropriado de bandeiras nacionais para poder chamar vozes discordantes de inimigos da pátria. El País, Coluna, 15 jun. 2019. Disponível em https://brasil.elpais.com/brasil/2019/06/12/opinion/1560348817_282472.html. Acesso em 21 abr. 2020
Andre Marques

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