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quarta-feira, 8 de abril de 2020

O Plano Madagascar

Comparando Madagascar e a Palestina, a busca de uma nação judaica naquele território seria infinitamente mais auspiciosa. Mas, levados de forma fanática pela política-religiosidade messiânica, a liderança sionista quis encontrar um estado judaico precisamente aonde poderia ser imposta pela guerra e que, por consequência, seria ameaçada por todos os lados.
Até os primeiros anos de Guerra, um plano foi estudado e preparado concernente à solução da questão sionista. Tal tentativa prova sua efetividade perante qualquer ideia de extermínio: o plano Madagascar. Aparece pela primeira vez em Nuremberg, durante o interrogatório do repórter de propaganda do Ministro do Reich, Moritz von Schirrmeister:
Dr. Fritz: Sr. Testemunha! Para onde os judeus foram evacuados, de acordo com o estatuto do Dr. Goebbels?
Von Schirrmeister: Antes e até mesmo durante o primeiro ano da Campanha da Rússia, o Dr. Goebbels mencionou o Plano Madagascar por diversas vezes, nas conferências que deu. Mais tarde, ele mudou de ideia e disse que um novo estado judaico seria criado no Oriente Médio, para onde os judeus seriam destinados”.
O interrogatório de Ribbentrop confirma insistentemente a existência do Plano Madagascar em 1942:
“O Führer tinha planos para facilitar a emigração judaica da Europa para a África do Norte, tendo mencionado Madagascar. Ele me deu as ordens para que eu estivesse em contato com vários outros governos, estudando, assim, uma possibilidade de emigração judaica”.
A Prof. Arendt reporta que em setembro de 1939, havia um desejo, similar ao ocorrido na União Soviética [1], para se encontrar um estado judaico autônomo na Polônia. No mesmo mês, Eichmann e o Dr. Stahlecker haviam contemplado um plano para separar o maior território possível na Polônia, proclamando-o um estado judaico autônomo, como protetorado. Ambos foram até Heydrich, que concordou com o plano e questionou-lhes sobre como tudo seria procedido.
Madagascar é um grande país insular situado na costa sudeste da África. Protetorado francês reconhecido pelo Reino Unido em 1890, o domínio colonial se fez em 1895, quando a França derrotou do exército de Merina. O primeiro governador francês, general Joseph-Simon Gallieni, aboliu a escravatura e em 1897 expulsou da rainha Ranavalona III para a ilha de Reunião. Após a Segunda Guerra Mundial, Madagascar torna-se território ultramar francês representada no parlamento da metrópole. Sua independência foi feita em 1960.
O Plano Madagascar foi, até então, a melhor tentativa de se encontrar uma solução que, de fato, não era necessariamente hostil ao sionismo. Eichmann queria “encontrar um solo que ficasse sob domínio judaico”. O plano de se facilitar a evacuação de quatro milhões de judeus na Europa para a ilha francesa da Costa Sudeste da África se originou no Departamento Estrangeiro, que passou para a RSHA. Eichmann sempre sustentou tal plano, afirmando que este havia sido sonhado antes ainda pelo pioneiro na questão de um estado judaico, Theodor Herzl.
Tal sonho não fez parte somente da imaginação de Herzl, mas também do Governo polonês, que, no ano de 1937, estabeleceu uma comissão para examinar a possibilidade de se transportar 3 milhões de judeus poloneses para Madagascar.
Mesmo Georges Bonnet, ministro das relações exteriores da França, teve a ideia de enviar rudemente 200 mil judeus estrangeiros para as colônias francesas; discutiu sobre esse projeto com seu colega alemão, Ribbentrop, em 1938.
Hannah Arendt resume:
“De qualquer maneira, no verão de 1940, devido ao fato do seu projeto de emigração ter chegado a uma forma completa, Eichmann recebeu a recomendação para trabalhar em um plano detalhado, através do qual quatro milhões de judeus emigrariam para Madagascar, e até o começo da campanha contra a Rússia, o projeto pareceu ter sido aceito pela grande maioria”.
Arendt, que em várias passagens não resiste às tendenciosas implicações de culpa coletiva ao povo alemão, naturalmente detecta que o Plano Madagascar destrói a ideia, laboriosamente construída, de um suposto “plano de aniquilação”. Mais tarde, contudo, ela atribuiu ao plano a roupagem que “camuflava o extermínio”. Agora para quê tal propósito teria sido necessário e importante, ela não está suficientemente apta para explicar. De qualquer maneira e em última instância, sua testemunha, Eichmann, refuta sua desilusão, pois sempre admitiu francamente a transgressão, acreditando que o Plano Madagascar foi adiado por conta de agências competentes, abandonado somente por conta das proporções que a guerra tomava.

A Alemanha nacional socialista facilitou a política de emigração judaica, tendo conseguido terras para judeus que se estabeleceram no norte do Paraná, em parceria com o Governo brasileiro dos anos 40. É como conta o livro “A Travessia da Terra Vermelha. Uma Saga dos Refugiados Judeus no Brasil” (Novo Século, 1ª ed., 2007) de Lucius de Mello.
Um argumento interessante, contrário à tese tão inteligente dessa autora, é que o transporte dos milhões de judeus tinha sido considerado inviável pelo controle que a Inglaterra exercia sobre o Atlântico. Com isso, queria ela dizer que o governo inglês, com seu poder militar, teria prevenido a salvação de milhões de judeus?
Através desse argumento, ela prova superficialmente, imersa em sua maneira, que a guerra e o Problema Judaico estavam inseparáveis. Se as ofertas de paz para a Inglaterra e a França depois da guerra polonesa, e para a Inglaterra depois da vitória sobre a própria França, tivessem, de fato, sido aceitas, todos os pré-requisitos políticos e militares, em questão de França, à qual o Império que Madagascar pertencia, estariam seguros por solucionar o problema judaico através de um projeto ideal, sem perdas humanas.
Após a entrada dos Estados Unidos e da União Soviética na guerra, era tarde demais. Em 05 de maio de 1942, os ingleses ocuparam Madagascar, em um ataque surpresa e sem qualquer demonstração de respeito à França.

Adolf Eichmann: de colaborador do sonho sionista a “criminoso de guerra”, sequestrado na Argentina; julgado e executado em Jerusalém, Israel.
O autor judeu Joseph G. Burg confirma que não somente as agências responsáveis pela emigração, mas também o Ministério Alemão no Exterior trabalharam pela realização do Plano Madagascar:
“O assessor diplomático Rademacher, que assumiu o Ofício da Emigração Judaica em 1939, reportou pessoalmente a Hitler que o apoio aos sionistas estava dificultando as relações entre alemães e árabes. Já em 15 de agosto de 1940, o Plano Madagascar começou a ser colocado em prática. Um mês antes, em 12 de julho do mesmo ano, um plano detalhado para a emigração judaica foi mencionado em um protocolo pelo Governo do Reich”.
Mais detalhes sobre tal plano aparecem no livro Hitler’s table talk” [Conversa na mesa de Hitler]. Não existem provas de quem o compilou, mas o dr. Henry Picker, reproduz as palavras exatas das conversações. Provavelmente, várias expressões foram postas de forma exagerada. Contudo, dado à mentalidade que possuía, Picker não tinha motivos para adulterar o conteúdo.
Nele, diz-se que em 24 de julho de 1942, Hitler toma uma posição sobre a Questão Judaica, como se segue:
“Nesta Segunda Guerra Mundial, como uma batalha que está para além da vida e da morte, não se pode esquecer o mundo judaico, seguindo a declaração de guerra por parte do Congresso Mundial Sionista e seu líder, Chaim Weismann, em sua mensagem destinada ao Primeiro Ministro da Inglaterra, Chamberlain, como o mais inexorável oponente do Nacional Socialismo. O judaísmo controla a Europa em termos econômicos. No entanto, a Europa deve recusar seu egoísmo sagrado, ainda que o judaísmo possa ser racialmente mais resistente. Ao término da guerra, a Europa deverá tomar uma posição rigorosa; cidades serão esmagadas se a grande massa judaica não migrar para Madagascar ou qualquer outro estado judaico”.
Apesar de chocante, tal passagem não oferece provas de um plano de extermínio – nem durante as guerras, nem no período pós-guerra.
Em 17 de Julho de 1941, Hitler discutiu com Mussolini sobre o Plano Madagascar, que seria uma das precondições para o tratado de paz com a França: esta deveria ceder a colônia de Madagascar como um estado judaico. [2] Novamente, em 21 de agosto de 1942, o Plano Madagascar é mencionado em uma nota da Subsecretária de Estado a serviço estrangeiro. [3]
Comparando Madagascar e a Palestina, a busca de uma nação judaica naquele território seria infinitamente mais auspiciosa. Mas levados, de forma fanática, pelo política-religiosidade messiânica, a liderança sionista quis encontrar um estado judaico precisamente aonde poderia ser imposta pela guerra e que, por consequência, seria ameaçada por todos os lados. Em contraste a isso, o Plano Madagascar teria sido muito menos perigoso, economicamente mais viável, mais rico em prospectos e politicamente menos arriscado.
Se tivesse sido concluída, nunca teria se tornado uma Auschwitz.
William S. Schlamm coloca, de forma correta, que Israel poderia se tornar mais segura contra a oposição árabe com apenas uma população de 5 a 6 milhões.

Em 1939, a judia Gertrude Stein propôs o Prêmio Nobel da Paz a Hitler,por este ter sido, após séculos, um dos primeiros políticos não-judeus a pensar na concretização de um Estado judaico. Foto: Secretaria de Cultura da Prefeitura de São Paulo.
Se de qualquer forma esse estado de dois milhões tivesse sido encontrado, mantido com poderes que preveniam os árabes de expulsar os judeus, como seria possível que essas pessoas estivessem esperando pacientemente até que os judeus chegassem ao triplo do seu número previsto?
Algumas figuras provaram o perigo desse experimento. Os vizinhos árabes de Israel eram em torno de 70 milhões em um espaço de 7.8000 Km². Israel, por sua vez, tinha somente 2 milhões de pessoas em 20.000 Km². E ao lado dos inimigos árabes de Israel, permaneciam outros 400 milhões de muçulmanos.
Comparemos com Madagascar, a quarta maior Ilha do mundo, com cerca de 600 Km², três vezes maior que a Inglaterra, 20 vezes maior que a Bélgica! A Madagascar do Sul, que, com 240 Km², é doze vezes maior que a Palestina, possui terra virgem, solo rico e prospectos favoráveis para a agricultura e a criação de gado.
Incomparavelmente mais vantajoso em todos os casos, se comparado com o território sionista atual.
Certamente foram feitas inúmeras tentativas em se oferecer tais oportunidades, pela criação de um Estado judaico em Madagascar, entre 1940 e 1941.
Notas originais de Hadding Scott

Notas:

[1] A República judaica de Birobidjan existiu entre 1934 e 1940, como parte da União Soviética.
[2] No dia 03 de Julho de 1940, Rademacher escreveu em suas memórias:
“A questão judaica no Tratado de Paz é facilmente encontrada. É preciso tornar a ilha de Madagascar disponível para a solução da questão judaica, e reassentar e recompensar os aproximadamente 25 mil cidadãos franceses que vivem ali. A ilha será transferida para a Alemanha sob mandato”.
Ainda que um armistício tenha sido assinado em 25 de junho de 1940, nenhum tratado de paz entre França e Alemanha foi ratificado durante a Segunda Guerra Mundial. Não obstante, de acordo com informações adicionais, alguns judeus emigraram de certas partes da Europa sob controle alemão para antecipar-se à chegada ao novo lar, em Madagascar, entre 1940 e 1942.
[3] Aparentemente, Härtke estava se referindo a esse documento sem tê-lo à frente. É verdade que Luther discute o Plano Madagascar em sua narrativa da história do Terceiro Reich, relacionando-o com o problema judaico. Na Truman’s Library (Documento de Nuremberg NG-2586-J), há a seguinte passagem: “O Plano Madagascar foi desatualizado por conta de um desenvolvimento político”. Isto confirma que havia uma intenção dos judeus em emigrarem para Madagascar, mas a intenção não estava mais ativa desde 21 de agosto de 1942, data do memorando. Enquanto os judeus estavam sendo deportados provisoriamente para o Governo Geral, “conquistaram territórios no Oeste”. O memorando de Luther não apóia a implicação que Madagascar ainda estava sendo vista como uma pátria judaica. Depois que Hitler mencionou tal plano, em julho de 1942, isso acabou não sendo mais citado.

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