INSTITUIÇÃO IGREJA ESTÁ A PERIGO?
O Papa “germânico” acabou de visitar o seu país de origem. Três ou quatro dias de RFA. Enfrentou protestos e agrados. Mesmo contra votos vindos da esquerda conseguiu falar diante do parlamento alemão. Apesar das demonstrações em contrário cumpriu o seu programa.
Quem esperava que fosse atender aos reclamos do “gender mainstreaming” decepcionou-se. Bento XVI confirmou a posição da igreja contra o casamento homossexual, aborto, eutanásia e camisinha. Isto era de se esperar, porque não demonstrando firmeza em suas posições a igreja só se enfraqueceria mais ainda. Digo mais ainda, porque ambas as principais igrejas da Alemanha, a católica e a protestante vêm perdendo adeptos. A primeira sofreu perdas substanciais com a campanha da pedofilia. Tenho certeza que tal campanha teve este objetivo mesmo, ou seja, demonstrar ao Vaticano que o seu poder passou a ser limitado e controlado por esta outra força que mui antigamente chamava-se de “quarto poder”.
Se nestas questões citadas o papa sentiu-se livre para manter posição, em outra não deixou de evidenciar toda a ambiguidade que reina hoje nas hostes eclesiásticas. Falando em Erfurt, antiga zona de ocupação soviética, classificou Comunismo e Nazismo como chuvas ácidas que se abateram sobre a religiosidade das pessoas. Botou as duas ideologias no mesmo saco.
Não foi esta sempre a posição do Vaticano, portanto a da igreja católica. Em 1846 o papa Pio IX já afirmava que o Comunismo era uma doutrina condenável que se opunha às leis naturais. Leo XIII em 1878 acusou o Comunismo de ser uma peste arrasadora que decompõe a sociedade humana. Em carta circular do dia 19 de março de 1937 o papa Pio XI (note bem, não Pio XII) escreveu: “O Comunismo é intrinsecamente mau e quem quer salvar a cultura cristã não pode colaborar com ele.” Nesta hora ele já conhecia o Nacionalsocialismo e deste nada falou.
Pio XI comemorou a vitória de Franco na Espanha conseguida com a ajuda dos voluntários alemães da “Legião Condor”. Em julho de 1933, logo depois que Hitler assumiu o poder, mandou seu representante, cardeal Eugenio Pacelli, futuro sucessor, assinar uma Concordata de Estado entre Vaticano e Alemanha. Em 1939, após sua morte, foi sucedido exatamente por quem fora núncio apostólico na Alemanha e, consequentemente, tinha todas as condições de saber o que fazia e pretendia fazer o novo regime.
E este novo papa, Pio XII, suprema autoridade da igreja católica e do Vaticano, nada disse, nada escreveu, nada denunciou sobre um tal genocídio programado que estaria ocorrendo bem próximo donde residia. Justo ele, que certamente tinha os melhores contatos com autoridades eclesiásticas da Alemanha, Áustria, Polônia, mesmo durante a fase mais aguda da Segunda Guerra Mundial. Foi o mesmo homem que ficou indignado com as barbaridades cometidas por tropas francesas na Itália, violentando desde meninas de dez anos até mulheres de setenta. Perguntou ao General Juin, comandante dos franceses na Itália, por que ninguém fora punido. Recebeu como resposta que a lei de guerra francesa dava aos seus soldados este direito (veja também “Libertando a Itália” pág.115 no meu livro O QUE É VERDADE).
Depois que este papa morreu em 1958 começaram a mudar o pensamento da igreja. Ao mesmo tempo em que se intensificava a promoção do holocausto apareciam as primeiras críticas a Pio XII. Já o papa polonês, João Paulo II, completou a virada.
E o papa germânico, que o seguiu, decepcionou a todos que esperavam ou temiam que pudesse dar uma melhorada na imagem dos seus compatriotas. Quando o bispo Williamson ousou declarar publicamente que até então nada encontrara que o fizesse acreditar que tenha havido, durante a Segunda Guerra, um genocídio programado de judeus, Bento XVI, o papa alemão disse ser INTOLERÁVEL negar o Holocausto (ver também em “Habemos papam germanicus” pág.15 do meu livro A PAZ QUE NÃO HOUVE).
A humanidade precisa de religiões que preguem o bem e enalteçam valores. A ambiguidade nos seus conceitos certamente não contribui para a sua credibilidade.
Toedter
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