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Eu me surpreendi com o tom governista e francamente irrealista do artigo de Denis Rosenfield de ontem (15), no Estadão (Princípios republicanos). O autor conclamou a oposição a apoiar o governo de Dilma Rousseff, supondo que ela está fazendo uma faxina ética e supondo que seu governo se pauta por princípios republicanos. Suas suposições são falsas e, para um filósofo de sua envergadura, um batalhador incansável na denúncia das mazelas do PT/MST nos últimos anos, confesso que me fez cair o queixo após a leitura. De entristecer.
[Indo trabalhar pela manhã ouvi no rádio a notícia de que o Governo Dilma chamou para dezembro conferência nacional sobre a causa gay. Ora, um governo que se pauta por princípios republicanos não pode tomar partido por uma causa religiosa, custeando um mega evento com verbas públicas. O gayzismo, como o abortismo, é bandeira do ateísmo militante de corte nitidamente religioso, que quer se impor aos demais credos abraçados pelos brasileiros, sobretudo os de vertente cristã, contrários ao ataque ateísta apoiado pelo governo.]
Toda a era do PT no poder, desde 2002, tem sido a negação da propaganda ética que o partido fez para chegar ao poder. O momento mais conspícuo foi o do mensalão. E temos visto reiteradas tentativas que estabelecer a censura à imprensa, como eu mesmo pude testemunhar por ocasião de uma outra conferência nacional, de triste memória (Confecom). No episódio da recente queda de Antonio Palocci, subitamente enriquecido por meios ignorados e suspeitos, vimos o empenho da Sra. Presidente em segurar o ministro do poder, contrariando tudo que se entende por valores republicanos.
O que temos visto é uma luta surda dentro da base de apoio de Dilma Rousseff por cargos, poder e áreas de influência. A própria presidente declarou-se surpreendida pela ação da Polícia Federal, que prendeu dezenas de pessoas no Ministério da Agricultura. Claro que a declarada ignorância não convenceu a ninguém, menos ainda aos atingidos. O ministro da Justiça também posou de marido traído e, a modo de confirmar tais falsas surpresas, membros da Polícia Federal têm se comportado como se suas atividades profissionais estivessem sendo prejudicadas pela ação do comando político. Vejo em tudo isso um grande circo. A Polícia Federal, ao empreender ações que têm por alvo agentes políticos, se comporta como polícia política. Seus alvos são preferenciais. Basta lembrar que, em todos os episódios em que partidários do PT foram denunciados, como no mensalão, a Polícia Federal ou foi ausente ou foi nula. Seu rigor tem sido usado sempre contra os desafetos do PT.
O próprio Denis Rosenfield tem escrito ótimos artigos denunciando as preferências nada republicanas do PT pelos sistemas de cotas raciais e “sociais”, inclusive pelo revisionismo da propriedade da terra para quilombolas e para índios, em prejuízo da maioria da Nação, criando quistos raciais e até mesmo extra-nacionais, inexistentes até então no Brasil. É o oposto da prática republicana de defender o bem geral. É essa militância pelo bem comum nos antigos artigos que tem tornado o filósofo gaúcho figura querida em meio aos brasileiros de bem, preocupados com os destinos do Brasil.
O filósofo chegou a ser patético ao escrever, em defesa do suposto republicanismo do Governo Dilma:
“Isso, porém, exige das oposições uma conduta responsável. Devem fazer frente comum com o governo, não procurando fustigá-lo partidariamente. As oposições não deveriam fazer oposição como têm feito durante os últimos nove anos, imitando o que o PT tinha de pior.”
As oposições nada têm feito de eficaz contra o governo, esta é a realidade conspícua, até porque não dispõem nem de força e nem de vontade para isso. Estão castradas. Piormente, quem está contra as ações supostamente moralizadoras da presidente não são as oposições, mas a mal afamada “base aliada”, os atingidos diretamente pela suposta faxina. Denis Rosenfield deveria fazer apelo a Michel Temer, a José Sarney, a Waldemar da Costa Neto. O filósofo gaúcho terá sido tomado de súbita cegueira? Anda desinformado?
E concluiu o artigo de modo ilógico e francamente inaceitável:
“Isso significa que, no caso em questão, as oposições deveriam partir para um apoio ao governo Dilma em torno de princípios, abandonando até mesmo a ideia de CPI. Para que uma CPI, se os responsáveis foram punidos e as maiores falcatruas já apareceram? Na situação atual, trata-se apenas de uma forma partidária de fustigar o governo, fazendo o jogo dos descontentes com a faxina, o dos infratores. Apenas estes poderiam tornar viável uma CPI.”
Ora, se o apego ao republicanismo e à faxina é, de fato, veraz por parte do governo – e do próprio filósofo travestido e arauto do poder – que se façam tantas CPIs quantas forem necessárias para restabelecer a moralidade. Governos empenhados na moralização não teriam, por suposto, nada a esconder.
“Isso significa que, no caso em questão, as oposições deveriam partir para um apoio ao governo Dilma em torno de princípios, abandonando até mesmo a ideia de CPI. Para que uma CPI, se os responsáveis foram punidos e as maiores falcatruas já apareceram? Na situação atual, trata-se apenas de uma forma partidária de fustigar o governo, fazendo o jogo dos descontentes com a faxina, o dos infratores. Apenas estes poderiam tornar viável uma CPI.”
Ora, se o apego ao republicanismo e à faxina é, de fato, veraz por parte do governo – e do próprio filósofo travestido e arauto do poder – que se façam tantas CPIs quantas forem necessárias para restabelecer a moralidade. Governos empenhados na moralização não teriam, por suposto, nada a esconder.
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