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terça-feira, 23 de agosto de 2011

Gaddafi e os comunistas



O PC do B, Partido Comunista do Brasil, uma das agremiações partidárias mais reacionárias e toscas em atividade no País, levantou barricadas retroativas e verborrágicas para defender o ditador da Líbia, Muammar Gaddafi.
O site oficial dos comunistas tupiniquins, Vermelho.Org, tem vomitado diariamente ridículas análises de conjuntura e publicado teses de apoio à ditadura líbia, com críticas às ações dos rebeldes que têm apoio das Nações Unidas e das tropas da OTAN.
Decerto que os medíocres guerrilheiros virtuais, entrincheirados nas suas casamatas de repartições públicas, não vêm importância no papel da ONU e OTAN em impedir que o exército líbio dizimasse grande parte da população civil, a mando do coronel.
De onde vem tanta simpatia e convergência dos cuecões tupiniquins para com o regime autoritário no norte da África? Será fruto dos derrames de petrodólares que Gaddafi já fez em generosas colaborações financeiras para a revolução socialista no mundo?
Ou poderia ser apenas pelas semelhanças ideológicas do governo Líbio com a pútrida república operária da Albânia, de onde o PC do B buscou inspiração para compor suas cartilhas de lutas e seus retrógrados programa e estatuto partidários?
Desde o fim dos anos 1970, quando protagonizou uma das mais imbecis e suicidas operações de guerrilha rural, expondo à morte centenas de estudantes universitários que se iludiram com o delírio revolucionário do Araguaia, o PC do B é um equívoco.
Por décadas atuando como satélite do MDB, depois PMDB e mais adiante PT, o PC do B tem sido somente uma legenda de aluguel com fins fisiológicos, uma versão canhestra do antigo PL ou uma alternativa marxista ao oportunismo politiqueiro nacional.
Sem qualquer densidade eleitoral e desprovido de destaques pessoais – seu último líder popular, João Amazonas, era tão carismático quanto o guarda da esquina – o partido prioriza a revolução do pé-de-meia para seus dirigentes e militantes barnabés.
Quando o mundo inteiro festeja o fim de uma das mais despóticas ditaduras da África, iniciada em 1969, e torce pela implantação de uma democracia na Líbia, livre do terror imposto por Gaddafi e seus lacaios, vem o PC do B questionar a rebelião do povo.
Fazer oficialmente, como está posto no site do partido (que classifica os rebeldes como “contrarevolucionários a serviço do imperialismo”) um contraponto em favor do regime totalitário que já apodreceu, revela a real face antidemocrática do PC do B.
Aliás, andar na contramão da História tem sido a missão rococó dos parasitas e inúteis stalinistas brasileiros. Acomodados nas sinecuras ofertadas pelos companheiros petistas ou vagabundando nos sindicatos, os cuecões sonham com a revolução do atraso.
Varrida do continente europeu (quando Zapatero for derrotado em novembro restarão apenas os governos da Grécia, Áustria, Finlândia, Eslovênia e Chipre) a ideologia esquerdopata defendida por “pcdobestas” e alguns petralhas vai minguando.
Foi só as tropas da OTAN sufocarem o ditador e os governos democráticos do mundo declararem apoio ao povo líbio, e a linguagem vermelha do site comunista mudou de cor e de azimute. A revolta na Líbia não foi chamada de “Primavera de Trípoli”.
Anteriormente, os redatores do Vermelho.Org chamavam qualquer zoada de “primavera”, até mesmo a delinquência nas ruas de Paris, em 2005, e de Londres, este ano. A velha mania de imaginar uma camisa de Che Guevara em corpo de meliante juvenil.
No seu delírio de compor um mundo ainda inserido na dicotomia “capital versus trabalho” ou “EUA versus Rússia” dos anos da Guerra Fria, o PC do B expõe seu papel de cão que caiu do caminhão da mudança. O mundo mudou e o comunismo ficou dependurado nas paredes dos museus de História do leste europeu.

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