A Alemanha celebrou neste sábado (13/08) os 50 anos da construção do muro que dividiu o país por 28 anos, e que tombou em 1989, com a decadência do regime comunista.
A principal cerimônia foi realizada no Memorial do Muro de Berlim, na capital alemã, com a presença do presidente alemão, Christian Wulff, da chanceler federal, Angela Merkel, e do prefeito de Berlim, Klaus Wowereit.
“A lembrança da injustiça do muro nos alerta para que não deixemos sozinhos os que lutam pela liberdade, pela democracia e pelos direitos cívicos”, disse o Wulff em seu discurso. “A liberdade acabou por triunfar, não há muro que resista ao desejo de liberdade”, acrescentou o político, diante de muitos parentes de vítimas da época. Wulff afirmou ainda ser necessário haver mais liberdade na Alemanha atual, incluindo uma melhor integração dos estrangeiros, e mais possibilidades de uma vida melhor para todos.
“Jamais devemos esquecer o 13 de agosto de 1961 e o sofrimento que ele trouxe a milhões de pessoas”, afirmou Angela Merkel, que cresceu na antiga Alemanha Oriental.
“Sistema impiedoso”
A celebração emocionou muitas pessoas que viveram de perto a experiência de ver Berlim dividida por uma barreira de concreto. A ex-dissidente do leste alemão Freza Klier, 61 anos, apelou em seu discurso à preservação da memória das vítimas da divisão do país. “Foi um sistema impiedoso, mas que ainda hoje muitos elogiam”, sublinhou a dramaturga, referindo-se ao regime comunista.
Bildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Marcas no chão lembram traçado do Muro em pontos de BerlimAos 18 anos, Klier tentou fugir do país em um navio que iria para a Suécia, mas acabou detida e condenada a 16 meses de prisão. Em 1988 ela deixou a Alemanha Oriental depois de suas peças terem sido proibidas. Mas a dramaturga conta que continuou a ser perseguida pela polícia política, a Stasi.
Após o ato solene, foi inaugurado um novo setor do Memorial do Muro de Berlim. Numa área de 4,4 hectares são exibidos detalhes da chamada “faixa da morte”, espaço paralelo ao Muro ocupado por soldados alemães orientais para patrulhamento, repleto de equipamentos de segurança. No lugar, são descritas e ilustradas as consequências da construção do Muro para o povo nas duas partes da cidade.
Minuto de silêncio
Desde os primeiros minutos do sábado começaram a ser lidas, na Capela da Reconciliação do memorial, biografias de algumas das 136 pessoas mortas ao tentar atravessar a barreira que dividia em duas a atual capital alemã. Ao meio-dia, a população fez um minuto de silêncio em memória das vítimas. Neste momento os transportes públicos pararam e as igrejas tocaram seus sinos.
Em1961, a República Democrática Alemã (RDA) justificou a construção do muro com a necessidade de “bloquear as provocações imperialistas montadas pelo ocidente”.
Barreira contra emigração
Bildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Memorial do Muro de Berlim lotado durante a celebraçãoO verdadeiro objetivo dos líderes comunistas, porém, era estancar a emigração para o lado ocidental. Nos primeiros 12 anos de existência da RDA, o número de pessoas que fugiram do regime já tinha ultrapassado os três milhões.
Na madrugada do dia 13 de agosto de 1961, um domingo, as milícias da RDA começaram a erguer barreiras de arame farpado na linha divisória entre o setor soviético e os setores ocidentais. Tanques orientais ocuparam importantes vias, e a circulação dos transportes públicos no sentido leste-oeste foi interrompida.
As potências ocidentais renunciaram uma intervenção militar, a fim de evitar um conflito que poderia conduzir a uma terceira guerra mundial. ”Mais vale um muro do que uma guerra”, justificou à época o então presidente norte-americano John F. Kennedy, segundo vários historiadores.
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